Saúde

Saiba como solucionar a crise de dor nas costas

Quatro quintos da população sofrem com problemas de dores nas costas, e o problema se agravou ainda mais na pandemia. E para resolver tal problema podem ser recomendados vários tratamentos dependendo de cada paciente.

31 Ago 2022 - 11h40 | Atualizado em 31 Ago 2022 - 11h40
Saiba como solucionar a crise de dor nas costas Lorena Bueri

Dor nas costas é um problema que 8 em cada 10 pessoas enfrentam durante a vida. Podendo ser um pequeno incômodo até uma das maiores causas de afastamento no ambiente de trabalho. No período da pandemia, houve um aumento dos casos e foram mais de 55 mil trabalhadores no Brasil afastados por causa de problemas na coluna no primeiro semestre de 2021.

E por causa disso, visivelmente uma das perguntas sobre saúde mais pesquisada na internet é: como diminuir as dores nas costas? A depender do diagnóstico feito por especialistas, os tratamentos para resolver esse problema podem ser de remédios, até exercícios físicos como por exemplo fisioterapia e pilates com orientações sobre dor e postura.

As mais eficientes prática dessas, segundo profissionais e estudiosos  tendo em base exercícios físicos, são a caminhada, a natação e o ciclismo. Porém, apenas com a prescrição feita por um médico ou especialista o paciente irá saber o encaminhamento ideal para o seu quadro. Aliás, ficar parado é outro fator que pode agravar a dor.

Bem, e o que é a dor? Como podemos defini-la? A definição feita pela Associação Internacional de Estudos da Dor (IASP, na sigla em inglês) é uma "experiência sensorial e emocional desagradável, associada a danos teciduais reais ou potenciais" e que é "sempre uma experiência pessoal influenciada em diferentes graus por fatores biológicos, psicológicos e sociais".

"Se sua duração for de até um mês, ela é classificada como uma dor aguda. Se for de um a três meses, seria uma dor subaguda. E com mais de de três meses seria uma dor crônica", explica o médico reumatologista Martin Fabio Jennings Simões, da Sociedade Brasileira de Reumatologia (SBR).

Segundo Martin, 80% das ocorrências de dor aguda vão se resolver sem tratamento nenhum. Os 20% restantes, para resolver a questão da dor, devem passar por uma análise do nível da dor junto com o complicado processo para descobrir as causas prováveis.

Que causas seriam? O Sistema de Saúde do Reino Unido (NHS) afirma que um dos motivos mais comuns que causam dores nas costas é a lesão muscular. Com menos frequência temos a hérnia de disco e a ciática, que são ferimentos ligados ao disco (pequena estrutura cartilaginosa da coluna vertebral) entre as vértebras da coluna. A espondilite anquilosante também pode ser uma das causas (inflamação crônica nas articulações). E por fim, em raros casos com outras possibilidades, temos câncer, fratura ou infecção.

Confira as alternativas de tratamento

Uma dúvida bastante feita pelas pessoas é sobre o que se deve fazer quando a dor nas costas aparece: ficar parado/relexado ou se exercitar?


Pessoa com crise nas costas. (Foto: Reprodução/Pexels)


Martin, da Sociedade Brasileira de Reumatologia, fala que na maioria dos casos a melhor coisa a se fazer é se exercitar, principalmente com a ajuda de atividades físicas. Pois as costas, ou falando de forma mais especifica, a coluna, tem a habilidade de fazer o corpo das pessoas se movimentar, seja girando, curvando e por aí vai. E tal função faz com que a coluna fique forte e flexível. E uma rotina de atividades físicas que trabalham a coluna ajudam com a força, resistência e flexibilidade.

O relaxamento, no outro caso, só é aconselhado para quadros bem específicos, como quando a dor ligada à hérnia de disco.

Mas ainda mesmo neste caso, seria mais um repouso por tempo curto, e não completo, absoluto. Ou seja, a pessoa iria conseguir fazer atividades normais, como cuidar da casa e não ficar completamente parada na cama, afirma Simões.

Isso porque o repouso completo pode resultar em inconvêniencias, como enfraquecimento dos músculos, rigidez das articulações e perda do preparo físico. Além do risco maior de virar um caso crônico.

Segundo Martin Simões, é como riscar um fósforo perto de um galão de gasolina. Mas por qual motivo? Uma das respostas é a chamada catastrofização, uma distorção de pensamento que acaba, grosso modo, transformando obstáculos em coisas maiores do que eles de fato são. De certa maneira, cada coisa vira uma "catástrofe". Ou seja, muitas vezes a dor sentida não é proporcional à causa dela.

Os fatores psicológicos têm bastante influência no diagnóstico e, por extensão, na busca da cura da dor. Assim como questões ligadas ao trabalho, à genética, à biofísica, à situação socioeconômica, a outros problemas de saúde (os sinais vermelhos e amarelos) e a fatores como tabagismo e sedentarismo.

Essas ações são consideradas apenas quando o tratamento já é definido, mas tudo começa pelo diagnóstico feito por um especialista.

"Você só vai começar a se tratar quando diagnosticado de forma correta, e não apenas se autodiagnosticar, procurando no Google. E o diagnóstico correto passa também por excluir as causas, porque existe um cardápio enorme de possibilidades quando o paciente chega com dor nas costas", explica Simões.

A dor nas costas crônica (com mais de três meses), pode ser dividida em alguns grupos.

Uma das separações é a dor nociceptiva ou inflamatória (ou seja, há causa individual ligada aos neurônios sensoriais, como artrite, isquemia, infecção, dor pós-operatória, lesão, dor ligada ao envelhecimento).

Outra seria a dor neuropática, sendo mais conectada com lesões ou doenças que afetam o sistema nervoso, como o aperto da raiz espinhal e a hidrocefalia de pressão normal.


Pessoas praticando natação. (Foto: Reprodução/Pexels)


O mais familiar de todos é a dor inespecífica, que seria a dor que não se descobre exatamente o motivo específico que causa o incômodo. Estima-se que isso aconteça com até 90% dos pacientes. Por essa e outras razões, um ponto muito relevante nesse momento do diagnóstico é que o profissional explique ao paciente o que é a dor, em um processo chamado de educação em neurociência da dor, abordagem que tem sido adotada também por algumas "escolas de coluna".

"Quando a pessoa tem uma dor, ela fica assustada. Será que é câncer? Será que vou ficar paraplégico? Por isso, é importante que a pessoa entenda o que é o motivo dela estar ali, como que conseguimos tratá-la, e como ela enfrenta essa dor. Daí o paciente não tem expectativas irreais, crenças, erros cognitivos, ele consegue enfrentar melhor essa situação. Quando ele recebe educação em neurociência da dor, costuma perceber a dor com uma intensidade menor do que quando ele não recebe essas informações", afirma o médico ortopedista Jonas Lenzi de Araujo, da Sociedade Brasileira para Estudos da Dor (Sbed).

Essa nova maneira de conduta tende a auxiliar no tratamento, seja qual for. Pois questões psicológicas como depressão, ansiedade, estresse e catastrofização, podem contribuir para a cronificação. Ou seja, a duração da dor pode passar de menos de um mês para mais de três meses. No geral, a dor na coluna prejudica a qualidade de vida do paciente, e o sentimento de impotência é bastante comum entre quem sofre desse problema. E este ambiente pode prejudicar ainda mais a saúde mental dessas pessoas, numa espécie de escalada psicológica.

"Existem vários tipos de terapia, técnicas, tratamentos. No fundo elas querem abordar esses aspectos de dor crônica, de catastrofização, enfrentamento ou aspectos psicológicos que afetam de uma forma negativa a sensação de dor, a experimentação da dor", afirma Simões, da Sociedade Brasileira de Reumatologia.

A frente disso, nas questões no diagnóstico, o tratamento definido deve ser baseado no mais efetivo e o menos agressivo para cada caso. E quais são eles? Entre os tratamentos possíveis, há os que possuem medicamentos e os que não têm medicamentos, como exercícios, terapias, cirurgias (em casos raros), entre outros aspectos.

Tratamentos sem medicamentos

Tendo em base pesquisas científicas atuais, se observa que o melhor tratamento para os casos de dor crônica, que são as que duram mais de três meses, é a prática de esportes. Alguns esportes que podem ajudar são natação, caminhada, ciclismo, e pilates.

Outra prática relacionada pode ser chamada de "escola de coluna". Os pacientes aprendem e praticam exercícios para fortalecer as costas e de ensinamentos mais corretos ao andar, sentar, trabalhar e dormir. Contudo não é apenas para ensinar os pacientes a usar a coluna da forma mais correta possível. Mas também de ensiná-los sobre questões como o que é a dor, como os fatores psicológicos influenciam a sensação e a recuperação (como frustração e temor de nunca melhorar) e como o tratamento vai ocorrer dali em diante (inclusive para evitar lesões e saber lidar com recaídas).Lá, eles são ensinados de que não é preciso estar 100% recuperado para voltar às atividades e de como a respiração e uma boa noite de sono podem fazer muita diferença para a recuperação, por exemplo.


Mulheres com roupa de ginastica. (Foto: Reprodução/Pexels)


"Tem um melhor efeito quando as escolas de colunas também abordam o aspecto psicológico. Ou seja, a catastrofização, o enfrentamento… Então, você tem uma abordagem com técnicas de terapia cognitivo comportamental, a TCC (abordagem comum para casos de depressão na qual, por meio da conversa, o terapeuta ensina o paciente a identificar e lidar com pensamentos, crenças e sentimentos negativos, quebrando o ciclo em torno dele)", afirma Simões. "Então, a pessoa reprocessa a dor, trabalha como a encara. A forma como ela encara e processa esse tipo de dor também está muito relacionada com outros obstáculos que a pessoa tem."

Médicos falam sobre outras práticas que são bastante favoráveis contra as dores nas costas, que seriam a fisioterapia, meditação e o pilates. Que é uma forma de exercício que permite fortalecer o corpo, aumentar a flexibilidade, melhorar a postura do corpo além de fazer benefícios mentais.

"No exemplo da meditação, a ajuda está no controle da dor ao diminuir a atividade do sistema nervoso simpático, que é aquele que nos deixa preparados para lutar ou fugir. Quando faço meditação, mindfulness, consigo diminuir a atividade desse sistema nervoso simpático, e diminuo a vinculação de estresse, tensão, ansiedade e medo àquela dor. Há então uma melhor evolução clínica, tende a ter uma diminuição da percepção de dor", explica Araújo, da Sociedade Brasileira para Estudos da Dor.

E por último, há um grande questionamento e dúvida sobre algumas respostas milagrosas que surgem na internet, como por exemplo cintas, órteses, suportes lombares, palmilhas e corretores de postura. "Normalmente, quando se usa isso é em um pós-operatório, pós-fratura, mas não como forma de tratamento. O objetivo é ganhar força e elasticidade, ganhar mobilidade e função. Quando nós usamos esses equipamentos, a gente perde função, perde mobilidade", afirma Araújo.

Tratamentos a base de medicamentos

Muitos pacientes para o alívio da dor procuram remédios como analgésicos, anti-inflamatórios, corticoides, opioides, antidepressivos e relaxantes que podem ser sim recomendados em fase  um aguda — há expectativas em torno do possível efeito positivo do canabidiol (um dos principais componentes da maconha) para a dor, que ainda não há consenso científico nem evidências robustas sobre eventuais benefícios.

Mas, em grande parte, esses medicamentos só servem para aliviar ou controlar os sintomas, mas eles não resolvem os problemas que causam esses sintomas e nem aceleram a recuperação do paciente.

"Os analgésicos opióides são mais fortes para o controle da dor. Podem ser indicados quando o paciente tem uma dor muito mais intensa. Porém, eles não são medicações de primeira linha nem de segunda linha (os primeiros a serem indicados). Eles são mais para diminuir a percepção de dor, enquanto o paciente faz uma reabilitação de outra forma", explica Araújo, da Sociedade Brasileira para Estudos da Dor.

Além disso, Araújo lembra que muitas pessoas com dor ainda não podem usar alguns medicamentos por causa de restrições de saúde, como doenças hepáticas e renais, alergia e idade avançada. Sem falar nos possíveis efeitos colaterais dos medicamentos para esses e outros pacientes.

Mas também, pode haver pontos positivos com os remédios associados ao efeito placebo, que são medicamentos que não fazem qualquer alteração no organismo, que são usados mais pela de como uma pessoa se sente em relação a determinadas doenças e até para ajudar a melhorar certos sintomas.

A Universidade de Oxford e a BBC, em 2018, fizeram uma pesquisa com cem voluntários no Reino Unido que sofriam com dor nas costas há anos. Foi afirmado que metade dos presentes iria receber um poderoso medicamento contra dores e a outra metade receberia uma pílula com placebo, mas ninguém saberia quem recebeu o quê. Só que todos os 100 voluntários tomaram comprimidos de arroz moído, mais de duas semanas depois, um pouco menos da metade dos presentes na pesquisa informaram terem sentido uma melhora significativa na dor, um resultado bom tendo em base que muitos deles tinham o histórico de tomar analgésicos fortes.

Cientistas que estavam presentes durante com a pesquisa puderam afirmar que ciência mostra que o efeito placebo tem um papel concreto na psicologia e na neuroquímica, inclusive com a liberação de endorfina, um analgésico natural que tem estrutura similar à morfina (um opioide poderoso contra a dor). Pesquisas científicas apontam que placebos podem funcionar mesmo quando os pacientes têm consciência do que estão tomando é apenas um placebo.

Vale comentar que outro ponto favorável para ver uma  melhora dos voluntários do experimento em 2018 foi a duração da consulta com os médicos envolvidos. A metade que passou mais tempo com os profissionais relatou melhora do que a outra metade.

 

 

Foto destaque: Mulher com dor nas costas/Reprodução: Pexels

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