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Review: Conan Gray traz um mar de rosas e dor no solitário "Superache"

Conan Gray lançou seu segundo álbum de estúdio durante a última sexta-feira (24), Superache, junto com o clipe de Disaster. O disco atingiu nota 81 no Metacritic. Confira nosso review da obra.

26 Jun 2022 - 20h30 | Atualizado em 26 Jun 2022 - 20h30
Review: Conan Gray traz um mar de rosas e dor no solitário 'Superache'  Lorena Bueri

Super doloroso. Tradução aproximada do termo que, não só nomina o novo álbum de Conan Gray, "Superache", mas nos prepara exatamente para o que sentiremos ao longo da obra sonora. Diferente de sua estreia com "Kid Krow", em 2020, o jovem músico de 23 anos se expõe como narrador e personagem principal de sua própria tragédia anunciada, fazendo com que seu maior hit, "Heather", se torne um leve desconforto para a dor madura e profunda que "Superache" nos detalha.


 
Capa oficial de "Superache" (Foto: Reprodução/Twitter)


No auge de sua juventude, o natural de Lemon Grove, na Califórnia, não faz músicas otimistas de grandes superações e voltas por cima que cairiam muito bem em um dia quente de verão com bons drinks. Ele prefere e precisa transmitir e transbordar o amargor de suas emoções como forma de humanizar a imagem de um artista ao seu público. Seus fãs conhecem o mais íntimo de suas dores com o "Superache". Alguém sabe se seu café tem açúcar?

De escolha inteligente, "Movies" é a faixa que inaugura os momentâneos 40 minutos na companhia reconfortante de Gray. Quem é que nunca sonhou com um amor de cinema? O astro trágico não foge do clichê de um amor perfeito, mas, que no seu caso, não existe fora do campo ficcional da imaginação. "Na minha cabeça/ Nós nos beijamos sob as estrelas/ Mas nós sabemos que não é isto que estamos fazendo/ Porque, amor, isso não é como nos filmes".



Assista ao clipe de "People Watching" (Reprodução/YouTube)


"People Watching", lançada há um ano, que flui quase que naturalmente na sequência, evidencia uma característica forte presente em Conan, a observação astuta e silenciosa de um espectador da vida e das condições humanas. Na canção sincera, o artista admite nunca ter se apaixonado de verdade, mas ter o desejo de sentir todas as emoções de amar, porém, enquanto isso não acontece, ele é apenas uma pessoa assistindo.


 
Assista ao clipe de "Disaster", lançado no mesmo dia que o "Superache" (Reprodução/YouTube)


"Disaster" quebra o padrão de autopiedade e vaga pela autossabotagem de um lance desajeitado e platônico. Sua sonoridade pra cima e animada também contrasta com as amargas e azedas do restante do álbum, sendo como um ponto de luz diante das demais.


 
Assista ao clipe de "Astronomy" (Reprodução/YouTube)


"Astronomy", primeira das faixas lançadas, já que "Overdrive" ficou de fora do disco, pode ser considerada como o principal single do projeto. Talvez os romances fracassados de Gray tenham uma intervenção cósmica. Dois mundos separados, órbitas diferentes, astronomia.

Dolorosa como um profundo corte, em "Jigsaw" Conan se desfaria em partes de si mesmo, como um quebra-cabeça, para agradar alguém que não o quer de verdade. Seus acordes são ácidos, seu refrão forte e cru com turbilhões de vozes gritando, como em um coral de mágoas acumuladas.

O ato central da tragédia da vida do artista é "Family Line". A canção mais íntima de toda a discografia do compositor que fala de frustrações amorosas, não é sobre alguém que Conan (quase) se apaixonou, mas sim, do fiasco que foi o seu projeto de família. Filho de um pai agressor, o jovem conta em tristes detalhes sobre sua dor mais cortante. "Espalhado pela minha linha familiar/ Eu sou tão bom em contar mentiras/ Herdei isso do lado da minha mãe/ Que contou um milhão delas para sobreviver/ Espalhado pela minha linha familiar/ Deus, eu tenho os olhos do meu pai/Mas são iguais aos da minha irmã quando eu choro/ Eu posso correr, mas não posso me esconder/ Da minha linhagem familiar."



Assista ao clipe de "Memories" (Reprodução/YouTube)


Na reta final do álbum, com "Footnote", "Memories" e "The Exit", fechando uma cronologia excepcional, Gray dá um ponto ao trajeto de seu interior. Com pequenas notas, lembranças e fins desordenados, o menino do Texas conclui um álbum maduro, capaz de o traduzir minuciosamente, deixando para trás o antecessor, "Kid Krow", que serviu como um breve olá para que todos tomassem ciência de que veriam seu rosto com frequência.


 


Com "Superache", e pouco menos de cinco anos de carreira, o astro precoce do pop indie prova ao mundo mais uma vez o faro aguçado de Dan Nigro para descobrir e investir em talentos com a característica marcante de descrever com precisão as angústias e dúvidas da geração Z. Conan Gray evidencia sentimentos crus que grande maioria dos humanos prefere esconder. Seus traumas, dores e frustrações o tornaram o artista meteórico que o mundo está começando a conhecer. 

Foto destaque: Conan Gray para o "Superache". Reprodução/Twitter

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