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Pesquisa liderada por brasileira mostra como as mulheres foram mais afetadas pela pandemia

O estudo aponta que em aspectos de desemprego, trabalho não remunerado, educação e violência de gênero, as mulheres foram mais afetadas do que os homens.

03 Mar 2022 - 11h43 | Atualizado em 03 Mar 2022 - 11h43
Pesquisa liderada por brasileira mostra como as mulheres foram mais afetadas pela pandemia Lorena Bueri

O artigo foi publicado pela revista científica The Lancet nesta quarta-feira (2). Liderada pela doutora brasileira Luísa Sorio Flor da Universidade de Washington, em Seattle, nos Estados Unidos, a pesquisa aponta os efeitos da pandemia de COVID-19 na igualdade de gênero nos indicadores de saúde, sociais e econômicos.  

Os cientistas analisaram dados de 193 países, no período de março de 2020 a setembro de 2021.

Este estudo fornece a primeira evidência global abrangente sobre disparidades de gênero para uma ampla gama de indicadores de saúde, sociais e econômicos durante a pandemia. As evidências sugerem que a Covid-19 tendeu a exacerbar as disparidades sociais e econômicas existentes anteriormente, em vez de criar novas desigualdades”, afirmou a autora sênior Emmanuela Gakidou, da mesma universidade.

Uma das principais conclusões da pesquisa é de que, desde o início da pandemia, as taxas de perda de emprego têm sido significativamente mais altas entre as mulheres do que entre os homens e com uma tendência de queda constante.

Em setembro de 2021, 26% das mulheres e 20% dos homens relataram perda de emprego durante a pandemia.

Segundo avaliou Luísa Flor, esse impacto foi maior entre as mulheres em alguns países porque “elas tendem a ser empregadas desproporcionalmente em setores mais atingidos pela Covid-19, como a indústria hoteleira ou como trabalhadoras domésticas”.

A perda de renda também foi muito prevalente, relatada por 58,4% dos entrevistados. Embora as taxas gerais fossem muito semelhantes entre mulheres e homens, as diferenças de gênero na perda de renda variaram entre as regiões.

Também concluiu-se que, em todas as regiões, as mulheres foram mais propensas do que os homens a relatar que precisaram abrir mão de um emprego remunerado para cuidar de outras pessoas.

A pesquisa mostrou que a disparidade aumentou ao longo do tempo. Em março de 2020, a cada 1 homem no mundo que disse ter precisado abrir mão do emprego para cuidar de alguém, esse número para as mulheres era 1,8. Em setembro de 2021, a disparidade aumentou para 2,4.

As maiores diferenças de gênero foram observadas em países de alta renda, as mulheres foram 1,1 vez mais propensas a relatar que tiveram que cuidar de outras pessoas. Na Europa Central, na Europa Oriental na Ásia Central, as mulheres tiveram 1,22 vez mais chance de relatar aumento no trabalho doméstico.

Outra conclusão a que chegaram os pesquisadores é de que há menos meninas nas escolas.

Os dados sobre os impactos da pandemia de COVID-19 na escolaridade foram coletados apenas por uma fonte multinacional. No geral, os entrevistados (normalmente um pai) relataram que 6,0% dos alunos abandonaram a escola durante a pandemia de COVID-19.


Menina em sala de aula. (Foto: Repeodução/AFP)


As mulheres e meninas eram 1,21 vezes mais propensas do que os homens e os rapazes a abandonar a escola.

As maiores diferenças de gênero foram observadas na Europa Central, Europa Oriental e Ásia Central, onde quatro vezes mais mulheres do que homens abandonaram a educação.

Entre os alunos que tiveram aulas on-line, apenas 50,4% dos entrevistados relataram ter acesso adequado às tecnologias de aprendizagem virtuais. Já, alunas do sexo feminino tinham 1,11 vez mais probabilidade de relatar um bom acesso do que os alunos do sexo masculino.

Além de tudo isso foi também percebido um aumento na violência de gênero.

No geral, 54% das mulheres e 44% dos homens relataram achar que a violência de gênero aumentou em sua comunidade durante a pandemia. As taxas mais altas foram relatadas por mulheres na América Latina e no Caribe (62%), países de alta renda (60%) e na África Subsaariana (57%).

Segundo os cientistas a pandemia não pode reverter os avanços já conquistados na igualdade de gênero.

"Não podemos deixar que as consequências sociais e econômicas da pandemia continuem na era pós-Covid. Ações devem ser tomadas agora para não apenas reverter as disparidades atuais, mas para fechar ainda mais as lacunas presentes antes do início da pandemia”, argumentou Luísa Flor.

Quanto mais avançarmos nessa pandemia, mais sentimos que as desigualdades exacerbadas só vão piorar, e que qualquer progresso pré-pandemia em direção à igualdade de gênero será revertido. Esperamos que esses dados reforcem a necessidade de os tomadores de decisão agirem antes que seja tarde demais", comentaram, sobre o estudo, a cientista Rosemary Morgan, da Universidade Johns Hopkins, e mais alguns colegas. Ambos não participaram do artigo científico.

 

Foto Destaque: Mulheres usam máscaras de proteção em fila de espera para receber suprimentos alimentares durante distribuição para pessoas necessitadas, em Dacar, Senegal, no dia 28 de abril de 2020. Reprodução/ Zohra Bensemra/Reuters.

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