Ultimamente, comprar roupas usadas e vintage está se tornando cada vez mais frequente, até mesmo as famosas marcas de luxo estão investindo nessa área. De acordo com a pesquisa do Boston Consulting Group, todo ano, grandes marcas investem mais de 40 bilhões de dólares e, esse número, ainda deve crescer até 20% nos próximos anos.
Esse movimento já vinha ressurgindo lentamente, porém, com o isolamento da pandemia, se tornou mais intenso. Durante o lockdown, as pessoas tiveram mais tempo para ponderar as peças não mais usadas, e doar ou vender tudo pela internet. É o que grandes players digitais como Vinted e Collector Square, acreditam.
Peças da Vault Gucci. (Foto: Reprodução/Gucci)
Segundo um estudo feito pelo Sebrae, através dos dados da Receita Federal, mostra que o Brasil teve um crescimento de 48,58%, entre 2020 e 2021, na abertura de estabelecimentos que comercializam artigos desse ramo. Ainda com o cenário pandêmico e com todas as regulamentações e crise gerada pela pandemia no setor, o ato em diminuir o impacto da produção da indústria da moda fortaleceu.
“A cadeia produtiva sofreu grandes impactos e a oferta vem mudando, o que transforma o comportamento de consumo. A reutilização de recursos, gerando menos poluição, extração e descarte faz mais sentido do que nunca”, afirma Brasil Gaia Prado, business partner no Brasil do bureau de pesquisa da tendências francês Peclers, em entrevista à CNN.
“Um segundo ponto é o momento de transformação histórica que estamos vivendo, uma espécie de questionamento da nossa relação com o tempo”, afirma Gaia. “É como um desejo de ressignificar o passado – para também repensar o futuro -, o que é novo e velho, junto com um questionamento do calendário tradicional de moda”, diz ela. “Tudo isso se traduz na moda em forma de anacronismos (misturas de tempos) que possibilitam experimentações com itens antigos e novos para construir estilos e identidades criativas. Neste contexto, olhar acervos antigos passa a ser tão necessário quanto prazeroso”, complementa Gaia Prado.
Como forma de acompanhar essa nova tendência, as etiquetas de luxo adotaram e estão comercializando peças usadas ou vintages com preço mais acessível. Stella McCartney, no ano de 2018, e Burberry e Gucci, no final de 2020, foram as primeiras grandes indústrias a se introduzir no comércio de segunda mão, juntamente em parcerias com a The RealReal, loja virtual de consignação. Ademais, sendo a primeira marca a realizar esse feito, Gucci criou uma ramificação intitulada “Gucci Vault”, que foi destinada ao vintage.
Roupas da Vault Gucci. (Foto: Reprodução/Instagram)
A exclusividade é ponto-chave desse setor, pois uma peça considerada antiga é única e difícil de achar, em razão de que não está mais sendo fabricada. Além de que, todos os artigos têm histórias próprias e valor simbólico e emocional. Tudo isso colabora para que o luxo e o vintage adquiram mais espaço no universo da moda.
Foto destaque: Mulher em lojas de roupas. Reprodução/Burst/Pexels