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Invasão Russa causa preocupação em jogadores brasileiros que jogam na Ucrânia

Os atletas que atuam em clubes de regiões separatistas e da capital Kiev, se mostram preocupados com a escalada das tensões no conflito entre Ucrânia e Rússia.

24 Fev 2022 - 08h39 | Atualizado em 24 Fev 2022 - 08h39
Invasão Russa causa preocupação em jogadores brasileiros que jogam na Ucrânia Lorena Bueri

Guilherme Smith, de 18 anos, viu sua vida mudar repentinamente. O atacante mora na Ucrânia e joga pelo Zorya Luhansk e vem tentando prosseguir com sua rotina normal enquanto que ao seu redor, os noticiários apontavam uma guerra iminente. Com as tensões entre Rússia e Ucrânia aumentando, incluíndo a notícia de uma invasão russa, o jogador brasileiro convive com a tensão enquanto espera o retorno do Campeonato Ucraniano.

O campeonato estava previsto para retornar nesta sexta-feira, porém com a situação pode ser adiado. Nesta quinta-feira haverá uma reunião entre os clubes para tomar uma decisão sobre o assunto. Alguns elencos pararam seus treinos, já o Zorya onde joga o Guilherme, permanece com sua rotina de treinos.

"A gente está bem focado na volta do campeonato. Ainda não estourou nada, não chegou nada para gente, mas é claro que vivemos com medo, com preocupação. Percebo as pessoas mais tensas. Antes elas viviam mais tranquilas", afirmou Guilherme.


Guilherme Smith atuando pelo Zorya Luhansk. (Foto: Reprodução/Instagram.)


O Zorya é um símbolo da tensão entre Rússia e Ucrânia. O clube fica em Luhansk, região separatista que tiverama independência validada pela Rússia. Este pedaço da Ucrânia possui uma forte influência do país vizinho, e no Zorya não é tão diferente assim: é normal ver o clube ser chamado de Zarya, forma falada na língua russa, que significa "alvorecer".

Guilherme que foi contratado pelo Zorya em agosto, jamais esteve em Luhansk. Isso porque, o clube precisou sair de Luhansk, devido ao conflito em 2014, quando a Rússia anexou a Criméia, outra região ucraniana. Desde então os treinos e os jogos do Zorya são realizados na cidade de Zaporizhzhia, que fica cerca de 400 km da fronteira.

"Na cidade direto passa carro-forte, exército na rua. Isso traz um pouco de medo para nós, que somos de fora. Mas parece um dia cinzento. Você sai na rua e vê que o povo está estranho. Fica um clima tenso na cidade. Como estamos longe da divisa, acho que é mais difícil ter um conflito. Mas o exército fica passando de um lado para o outro, e a gente fica com medo", afirmou o meia Cristian, outro brasileiro que joga no Zorya.

Além de Guilherme e Cristian, outro brasileiro que faz parte do elenco do Zorya é o lateral Juninho. Segundo Guilherme, todos os dias eles se falam em busca de notícias e entram em contato com outros brasileiros que jogam na Ucrânia.

O meia Cristian demonstra uma certa preocupação com os conflitos que vem acontecendo e já pensa em deixar o país. Mas, a questão, é que ele tem um contrato com o Zorya a cumprir.

"Eu, no caso, sairia daqui. Mas o problema é que precisamos cumprir o contrato. Não podemos largar. Como os ucranianos estão acostumados com isso, a gente não está. A gente pode ficar que não vai dar nada. A gente fica com medo porque não é acostumado. A gente vive sem saber o que fazer. Se der uma guerra, a gente tem que dar um jeito de sair do país. A gente deixa as coisas arrumadas caso a gente precise sair numa emergência". completou Cristian.


Jogadores do Shakhtar treinam normalmente antes de retomada do Campeonato Ucraniano. (Foto: Reprodução/Shakhtar Donetsk.)


Os jogadores do Shakhtar Donetsk tem a situação parecida com a dos jogadores do Zorya. O clube que é famoso por sua preferência por brasileiros, possui 13 atletas do país em seu elenco e os vetou de conceder qualquer entrevista sobre o conflito com a Rússia.

Apesar disso, a rotina no Shakhtar segue normal. O elenco retornou no domingo de uma intertemporada na Turquia e treina normalmente, visando a volta do Campeonato Ucraniano.

A sede do Shakhtar fica em Donetsk, porém, igualmente o Zorya, o time não joga lá desde os conflitos em 2014. A Donbass Arena, estádio do clube, que tem o nome da região separatista, chegou a ser bombardeado no conflito da Crimeia.

O Shakhtar, desde então, treina e joga na cidade de Kiev, capital da Ucrânia. Os jogadores estão lá desde o retorno ao país.


Destroços na Donbass Arena, estádio do Shakhtar. (Foto: Reprodução/Shakhtar.)


Em Kiev também está o Dínamo, maior clube da capital. Mesmo longe da fronteira, o clima de tensão na cidade permanece. O atacante brasileiro Vitinho foi contratado pelo Dínamo Kiev em agosto do ano passado, vendido pelo Athlético, mas ele ficou pouco tempo na Ucrânia, porque o time fez uma viagem para uma intertemporada na Espanha, em janeiro.

"Passei pouco tempo no país durante as tensões. Retornei de férias do Brasil, fiquei apenas dois dias na Ucrânia e fomos para intertemporada. Pude observar mais policiais na rua e menos pessoas circulando, mas não mudou minha rotina pois fiquei pouco no país", disse Vitinho.


Vitinho do Dínamo Kiev. (Foto: Reprodução/Dínamo Kiev.)


Ainda assim, o atacante foi cauteloso. Vitinho levou sua esposa e seu filho para Turquia, quando o Dínamo viajou para a Espanha para fazer a intertemporada. Ele reencontrou a família esta semana, quando voltou à Kiev.

"Sem dúvidas que a gente fica com um pouco de medo. São notícias que não estava acostumado a presenciar. Porém, eu tento focar o máximo no futebol. A adaptação já é difícil, o frio também, a língua, então seria mais uma coisa pra focar além do futebol, que é o real motivo de estar aqui. Espero, claro, que isso acabe o quanto antes, rezo muito por todos para que a gente consiga passar por isso o mais rápido possível e continuo focado em fazer o que mais amo, que é jogar futebol, numa equipe enorme aqui da Ucrânia", finalizou Vitinho.

Entenda o conflito entre Rússia e Ucrânia:

A movimentação de tropas russas na fronteira com a Ucrânia, fez a tensão no Leste Europeu aumentar nas últimas semanas. O presidente da Rússia, Vladimir Putin, na última segunda-feira, causou ainda mais preocupação em todo o mundo ao reconhecer a independência de repúblicas separatistas ucranianas e enviar tropas russas para as regiões de Donetsk e Luhansk. Especialistas viram isso como uma invasão do país vizinho.

Já a Ucrânia não reconhece a independência dessas regiões e pede para que a Rússia continue negociando para retirar as suas tropas. A ONU vem criticando as ações do governo russo e outras potências, como Estados Unidos, estão ameaçando a Rússia com sanções econômicas e políticas, alertando que tem o risco de um grande conflito.

Vladimir Putin anunciou na madrugada desta quinta-feira, uma operação militar na Ucrânia, com o argumento de "desmilitarizar"  o país vizinho.

Foto Destaque: Maycon em ação com a camisa do Shakhtar Donetsk na Liga dos Campeões. Reprodução/James Williamson/Getty Images.

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