Funcionários da Pixar divulgaram nesta quarta-feira (9) uma carta na revista Variety denunciando censura à diversidade sexual nos produtos da empresa. Nesta carta aberta o grupo diz que executivos da Disney ordenaram censurar momentos de afetos de personagens LGBT+ em peças da produtora.
“Na Pixar, pessoalmente vimos histórias lindas, repletas de diversidade, retornarem das avaliações corporativas da Disney reduzidas a migalhas do que eram. Mesmo que criar conteúdo LGBTQIA+ fosse a solução para corrigir legislações discriminatórias pelo mundo todo, estamos sendo impedidos de fazê-lo.” Diz trecho da carta.
Anualmente, a Disney promove eventos para celebrar o Mês do Orgulho LGBTQIA+ nos parques e vende produtos que se apropriam da bandeira do movimento LGBT+, mas, já nas suas produções, os personagens que não seguem padrões de gênero e sexualidade costumam receber pouco destaque. Foi o que aconteceu com o filme "Dois Irmãos - Uma Jornada Fantástica", com a personagem da policial Spectter, uma ciclope, que durante um pequeno diálogo ela se assume LGBT+ e tem uma participação pequena no filme.
Cartaz do filme Dois irmãos - Uma Jornada Fantástica. (Foto: Reprodução/Disney)
A lei “Don´t Say Gay Bill”, aprovada pelo Senado da Flórida, estado dos EUA e sede do parque Disney World, terça-feira, 8 de março, proíbe debates sobre orientação sexual e identidade de gênero nas escolas e orienta professores a denunciar alunos aos pais que expressam comportamentos LGBT+. O projeto já tem o apoio do governador da Flórida e se for aprovado irá vigorar a partir de 1 de julho. Para os críticos, a medida vai marginalizar crianças e adolescentes que se identificam como LGBTQIA + e promoverá uma punição aos professores que não acatarem a decisão.
A situação se agravou quando foi descoberto que a Disney tem lista de políticos que recebem doações e apoiam o projeto de lei. A carta assinada pelos funcionários da Pixar, exige que esse tipo de apoio financeiro seja cortado.
A carta ainda diz: "Este não é um assunto que pode esperar até o Reimagine Tomorrow [convenção pró-diversidade da Disney] em abril, ou o Mês do Orgulho em junho. Esse assunto precisa ser discutido agora. É urgente. Em 2021, 42% dos jovens LGBTQIA+ consideraram seriamente o suicídio, incluindo mais da metade de jovens trans ou não binários, o que tem como principal causa a falta se apoio que legislações discriminatórias como essa permitem".
A Disney ainda não se pronunciou sobre as acusações feitas pelos funcionários da Pixar.
Foto Destaque: Cartaz divulgação LGBTQIA+ da Disney.Reprodução/Disney