O levantamento de dados do dossiê da Associação Nacional de Travestis e Transsexuais (ANTRA) revelou que o Brasil continua a liderar o ranking de assassinatos de pessoas trans e travestis, totalizando 122 registros de mortes em 2024. Esse número é 16% menor em comparação ao ano de 2023, mas o cenário brasileiro ainda é extremamente crítico. O Brasil é o país que mais mata pessoas da comunidade LGBTQIAPN+, onde mulheres transexuais e travestis são o grupo mais vulnerável, enfrentando riscos de agressões e morte em público.
Brasil é o país que mais mata pessoas trans
Pelo 16º ano consecutivo, o Brasil ocupa a primeira posição em números alarmantes de mortes trans. As vítimas mais frequentes são, em sua maioria, mulheres jovens, pobres, negras e nordestinas. Elas são violentamente agredidas e mortas em locais públicos e escuros, como becos e ruas desertas.
Como resultado de tanta violência, a expectativa de vida da comunidade trans é de cerca de 35 anos. Além disso, a ANTRA mencionou dificuldades em mensurar e analisar os casos, pois, em muitos deles, as vítimas não são reconhecidas como pessoas travestis ou transexuais, o que contribui para a invisibilidade das vítimas e de sua comunidade, tão afetada pelo preconceito e pela violência extrema.
reportagem e informações sobre dossiê da Antra (Vídeo: reprodução/Youtube/@g1)
Números de assassinatos
O dossiê também levantou dados sobre as regiões que mais reproduziram transfobia e assassinatos de transexuais em 2024. São Paulo ocupa a primeira posição, com 16 registros de assassinatos. Em segundo lugar está Minas Gerais, com 12 mortes, seguido pelo Ceará, com um total de 11 casos registrados.
O Rio de Janeiro ocupa a quarta posição, com 10 mortes confirmadas. Na Bahia, Pernambuco e Mato Grosso, foram registrados 8 casos em cada estado. Alagoas teve 6 ocorrências. Maranhão, Pará e Paraíba registraram 5 assassinatos cada, e em seguida vêm Piauí e Rio Grande do Sul, com 4 casos cada.
Em ordem decrescente de registros, continuam Espírito Santo, Santa Catarina, Goiás, Rondônia, Sergipe, Amapá, Amazonas, Distrito Federal, Mato Grosso do Sul e Paraná. Para finalizar o levantamento, foi registrado 1 caso com localização indeterminada e 1 caso fora do Brasil.
Bruna Benevides, presidente da ANTRA, destacou a importância de políticas públicas para proteger a comunidade trans e evitar novos casos: “Precisamos de ações concretas e efetivas para erradicar a transfobia, incluindo ações educacionais e políticas transversais, destinação de recursos e mecanismos de denúncia e acesso à justiça”.
Ela deseja que o estado passe a contabilizar melhor os registros de agressões e forneça informações sobre a comunidade trans nas secretarias, órgãos de segurança pública e nos sistemas de justiça, para que as ações sejam fortalecidas.
Foto Destaque: Bandeira do orgulho transsexual (reprodução/E+/Vladimir Vladimirov/Embed Getty Images)