Juliana Nalú: "Uma garota da favela também pode vencer, não desista nunca!"

18/10/2024 | POR Redação

Juliana Nalú:

Juliana Nalú é uma daquelas artistas com multi talentos, ela divide a sua carreira como modelo e atriz. Nascida no Rio de Janeiro, mais precisamente vinda do Complexo do Chapadão, conjunto de favelas localizada na cidade do Rio; a artista começou a trilhar sua carreira como modelo aos 14 anos, sonho que nutria desde os seis.

Como trabalho de modelo, Juliana já representou grandes marcas renomadas como a Yeezy, marca do rapper Kanye West e SKIMS, de Kim Kardashian, a qual, inclusive, foi selecionada pela própria socialite para participar da campanha.

A modelo também já coleciona diversos países em seu currículo onde esteve a trabalho, como: Reino Unido, Espanha e Grécia. Atualmente, ela mora em Las Vegas, nos Estados Unidos.

Nalú também já participou de grandes campanhas de beleza com marcas renomadas como L’Oréal, Urban Outfitters, American Eagle e PrettyLittleThing.



Juliana Nalú (Photo: Ace Amir)


Já na carreira como atriz, Juliana descobriu o amor pela dramaturgia. Em 2016, a jovem participou e venceu o concurso “CUFA - Solte o seu Brilho”, realizado pela TV Globo em parceria com a Central única das Favelas, o qual tinha a atriz Taís Araújo como madrinha. Na final, Juliana contracenou com Juliana Paes, conquistando os votos dos jurados.

Formada em artes cênicas pela CAL - Casa das Artes de Laranjeiras, Juliana fez uma participação especial no último capítulo, da novela “Segundo Sol”, da TV Globo, em 2018, onde interpretou uma personagem que fez par romântico com o ator Chay Suede.

Já em 2023, Juliana decide retornar às suas raizes e ajudar seu local de origem, criando uma nova oportunidade: o projeto “Favela Seeds”, que revela novos talentos vindos das comunidades. O projeto, organizado e dirigido pela própria modelo e por sua família, dá oportunidades a jovens e crianças de criarem portfólios na carreira de moda e showbiz, tentando criar oportunidades em várias áreas do entretenimento como a música, produção, moda, artes plásticas e fotografia.

Em uma entrevista exclusiva à Lorena R7, Juliana falou sobre como tem equilibrado a sua carreira como atriz e modelo, além de contar mais detalhes sobre novos projetos em que está imersa.



Juliana Nalú (Photo: Ace Amir)



  Surgiu no meu coração a vontade de ser modelo


Juliana, a sua carreira de modelo era idealizada desde pequena, mas de onde surgiu essa vontade em se tornar modelo? Em que momento você falou “Isso me encanta e quero fazer isso”?

Então não teve um momento específico em que decidi ser modelo, eu descobri que isso me encanta, desde que eu me entendo por gente eu não me lembro de nenhum momento não querer ser modelo, e é engraçado porque eu também não tinha nenhuma inspiração a uma pessoa específica que eu tivesse me inspirado, até porque quando eu era criança não tinha tanto ainda essa representatividade, sabe, com meninas no meu perfil, mas eu só entendi que o normal no meio da minha família, né, que eu cresci na favela, eu só entendi que eu não queria continuar ali, eu queria fazer coisas grandes, e foi assim que surgiu no meu coração a vontade de ser modelo.

Juliana, você tem uma carreira internacional como modelo. Como foi essa transição para a atuação e o que te atraiu nesta nova fase?

O meu amor pela atuação surgiu depois que participei do concurso da L'Oreal, com na época o Caldeirão do Hulk, porque você precisava atuar e eu só queria mesmo fazer uma faculdade. Sempre me interessei pela atuação porque é uma forma de se expressar. E querendo ou não ser um modelo, é difícil ter uma plataforma que consiga expressar realmente a sua arte, sabe? Hoje em dia eu consigo me expressar muito melhor porque eu estou ficando maior, então eu tenho mais voz. Mas no começo é muito difícil e você se sente um cabide. Então na atuação eu me vi mais assim, expressando realmente o que eu sou e mostrando a minha voz. E foi assim que surgiu o meu amor pela atuação, quando eu tinha em torno de 18, 19 anos.


  Expresso realmente quem eu sou e mostro minha voz




Juliana Nalú (Photo: Ace Amir)


Qual foi o maior desafio que você sentiu ao se propor a trabalhar em diferentes países como modelo?

O maior desafio que senti trabalhando internacionalmente com o modelo mesmo foi o começo porque eu não sabia inglês, eu aprendi inglês sozinha e por isso que isso é um dos focos do Favela City, do meu projeto agora que é dar curso de inglês para os jovens porque eu sei quão importante é e é saudade da minha família, eu moro fora agora há 7 anos, eu comecei bem novinho, tinha 19 anos e hoje em dia eu volto com muita frequência, eu volto todo mês ao Brasil, graças a Deus, mas no começo ainda pelas condições financeiras eu não conseguia voltar com tanta frequência, então eu sentia muita falta da minha mãe porque ela é a minha melhor amiga, a gente é bem unida.

Dentre as marcas que você já desfilou, existe alguma com a qual você mais se identificou?

É uma marca que eu me identifico muito, que eu trabalhei agora, eu fui num desfile deles e o dono é até meu amigo, o Sharav, é a Casablanca, porque ele é marroquino, veio do nada também, veio de um lugar bem humilde, bem simples, e ele começou a marca sozinho e hoje ele tá expressando a voz dele, a cultura dele, eu acho incrível. Então eu me identifico bastante com ele e com a marca Casablanca. E como eles brincam com as cores também, é bem assim, summer, bem Rio.


  Gosto mesmo de mostrar que tenho orgulho de onde eu vim


Em 2022 você estrelou para a marca de lingerie SKIMS de Kim Kardashian, sendo a primeira brasileira a desfilar para grife? Como foi esse momento?

Em 2022 eu participei da campanha das SKIMS, foi bem bacana, bem especial, fiquei feliz por ser reconhecida por uma marca tão grande e ser a primeira brasileira a trabalhar com essa marca, foi uma campanha especial demais e eu fiquei bem feliz, o time era bem bacana, todo mundo me tratou com muito carinho e desde então a gente tem fechado também algumas parcerias com publi e a gente tem uma conexão bem bacana.

Como você mantém a sua identidade e cultura brasileira presente, ao trabalhar com marcas, participar de campanhas globais e desfilar para grandes grifes?

Eu acho que eu mantenho a minha identidade brasileira mesmo só por ser quem eu sou. Eu digo assim na maneira da questão da estética, sabe? Eu não sou uma menina magrela, eu tenho bunda, eu tenho curvas, eu tenho quadril, eu tenho culote e o que antigamente era muito difícil de você ser aceito de entrar nesse âmbito, né? E trabalhar com as marcas que eu trabalho hoje em dia e graças a Deus eu acho que é assim que eu tenho representado o Brasil, mesmo com o meu perfil, que é um perfil que antigamente eles falavam que não vendiam, mas essa é a mulher brasileira, né? Com culote, com curvas e eu tento sempre também mostrar de onde eu vim quando me perguntam lá fora, ah, de onde você é? Eu falo do Brasil, mais precisamente do Rio, da favela e tal, porque eu gosto mesmo de mostrar que eu tenho orgulho de onde eu venho, que não é só do Brasil, não, eu vim da favela, que é uma coisa muito mais específica, muito mais especial para mim, no meu coração.


  Com paixão e esforço a gente consegue




Juliana Nalú (Photo: Ace Amir)


Em paralelo à sua carreira de modelo, hoje você também está investindo na carreira de atriz, como é encarar esse novo desafio?

É bem difícil hoje em dia porque eu tô começando também novas marcas, novas empresas, né? Tô lançando agora minha marca de biquíni muito em breve e agora também tenho que me ajustar com a carreira de atriz. É bem complicado com a correria de viagem, etc, mas com paixão e esforço a gente consegue. Eu tô bem animada pra esse novo capítulo, né? Voltando a atuar.

Na dramaturgia, tem algum papel que você queira interpretar no futuro ou contracenar com algum artista ídolo?

Eu acho que o meu sonho mesmo é contar a história de uma menina parecida comigo, sabe? Uma menina que veio de baixo mesmo com sonhos, mas, ao mesmo tempo, eu gosto muito de fazer algo que é muito diferente de mim. Brincar com diferentes personalidades e me divertir, né? Eu acho que essa é a graça com a dramaturgia, com a atuação, é que você pode brincar com diferentes personalidades e se divertir de verdade.


  O que importa é a gente fazer o que a gente ama


Sobre o projeto inspirador “Favela Seeds”, como você avalia o impacto desta ação na vida das pessoas da comunidade? Como esse resultado tem se apresentado?

O "Favela Seeds" é um projeto que surgiu no meu coração, é um projeto muito genuíno. O time sou eu e minha família mesmo, todos os dias. Eles estão lá quando eu não estou no Brasil. Eles que estão em contato com as crianças, com os jovens e as famílias. Um projeto, realmente, eu só quero dar a oportunidade que eu sonhava quando era jovem, sabe? Tentar. Eu estou me esforçando para conectar esses jovens com o mercado de trabalho que é mais difícil, né? Ter acesso que é esse de modelar e tal. E é onde eu tenho me sentido mais realizada ultimamente. O Favela Seeds me dá muita alegria e é o sonho da minha vida. É só give it back, né? Esse é o meu sonho. Give it back.


  Quero dar oportunidade que eu sonhava quando era jovem




Juliana Nalú (Photo: Ace Amir)


Que conselho você dá aos aspirantes que desejam seguir uma carreira multifacetada, como a sua, transitando entre diferentes áreas criativas?

Eu acho que tem que continuar perseverando, continuar focando. Não é fácil, não é não, é bem cansativo. Eu fico bastante doente às vezes porque viajo muito entre um avião e outro, entre um fuso horário e outro, fica bem corrido. Mas, no fundo, no final, o que importa é que a gente está fazendo o que a gente ama. Quando a gente faz o que a gente ama, não tem essa sensação de trabalho. Eu estou vivendo meu sonho, então não tenho que reclamar. Me sinto muito abençoada. Sou muito grata a Deus por onde ele tem me colocado. E eu só quero mesmo é ser mais usada cada vez mais para ajudar outras pessoas e fazer minha missão aqui.


  Quero ser usada para ajudar outras pessoas e fazer minha missão aqui


  • Fotos Juliana | Ace Amir
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Matéria de André Pontes

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