Como diz o clichê, a única certeza que se tem na vida é a morte.Se por um lado, esse é um tema que costuma deixar muitas pessoas tristes, por outro, também desperta curiosidade. Principalmente em relação às empresas e trabalhadores do ramo funerário, que convivem com o luto de seus clientes.
Segundo dados do Sindicato dos Cemitérios e Crematórios Particulares do Brasil (Sincep) em pesquisa realizada pela Zurik Advisors e divulgados pela InfoMoney, o setor funerário movimenta cerca de R$ 13 bilhões por ano. Contudo, o valor gerado pelo mercado não é a coisa mais curiosa sobre o setor. Nem todo mundo sabe, por exemplo, que as funerárias são instituições históricas em todo o mundo.
Os funerais através do tempo
Os serviços funerários sempre estiveram presentes na história da humanidade. “Desde os tempos antigos, essas casas desempenharam papeis fundamentais, na preparação e honra aos falecidos”, explica Vinícius Chaves de Mello, CEO do Grupo Riopae, empresa ligada ao ramo funerário.
Um dos exemplos mais populares é o Egito Antigo. Parte importante para a cultura e a crença religiosa da época, as funerárias cuidavam do processo de mumificação, sendo responsáveis por deixar o corpo pronto para a vida após a morte.
Na Europa medieval, também existiam locais chamados de “casas da morte”. Geralmente, ficavam próximas a igrejas e eram responsáveis por deixar o corpo pronto para a visitação, de forma similar ao trabalho que as funerárias realizam hoje.
Mesmo em países em que os serviços funerários são recentes, como os Estados Unidos, sempre houve grupos responsáveis pela preparação dos mortos. E, juntamente com a sociedade, as funerárias evoluíram segundo as mudanças culturais ao longo dos anos.
“Por mais que as práticas possam ter mudado ao longo do tempo, a essência das funerárias como guardiãs do respeito e dignidade para os falecidos permaneceu constante”, aponta Mello.
Os agentes funerários de Jesus Cristo
Os serviços funerários estão descritos até na Bíblia. Exemplo disso é a história de José de Arimateia, envolta em lendas medievais e também entrelaçada à religião cristã. “Segundo as tradições, ele foi tio-avô de Jesus, tornando-se o seu tutor após a morte prematura de São José, esposo de Maria”, conta o CEO do Grupo Riopae.
Segundo o Novo Testamento, José de Arimateia conseguiu a permissão de Pôncio Pilatos para enterrar o corpo de Cristo em um túmulo onde hoje fica a Basílica do Santo Sepulcro. “Com a assistência de Nicodemos, [ele] preparou o corpo com panos de linho e o sepultou, com uma grande pedra à entrada, em um gesto que o tornou símbolo de devoção e cuidado póstumo na tradição católica”, aponta Mello.
Funerárias são mais do que velórios e enterros
Muitos acham que o trabalho da funerária se resume em preparar o velório e, em seguida, realizar o enterro. Mas os serviços funerários são bem mais abrangentes. Desde orientar os detalhes do planejamento da cerimônia a prestar assistência com trâmites burocráticos, os profissionais estão lá para ajudar.
“Além disso, as funerárias também desempenham um papel essencial na personalização das cerimônias de despedida. Cada família tem as suas próprias tradições e desejos específicos, e os diretores funerários estão capacitados para ajudar a criar serviços que reflitam a vida e os valores do falecido”, enfatiza.
Outro aspecto pouco conhecido é o de apoio aos enlutados. Com frequência os profissionais destas empresas prestam suporte emocional a eles, fornecendo recursos e orientação para que possam lidar com a perda.
“Em resumo, as funerárias são mais do que locais de rituais funerários: são pilares de apoio comunitário, que oferecem conforto, orientação e serviços essenciais para ajudar as famílias a enfrentarem um dos momentos mais difíceis da vida”.
As funerárias foram essenciais para a popularização do embalsamamento
A prática de preservação dos corpos não é nova – vide as múmias do Egito Antigo. Mas nem todo mundo sabe, mas ela foi de fundamental importância em um período intenso da história dos Estados Unidos.
Trata-se da Guerra Civil, em que centenas de soldados perderam suas vidas, muitos longe de suas casas. Neste caso, o embalsamamento foi fundamental para preservar os corpos e, assim, oferecer às famílias uma oportunidade de se despedirem.
“A necessidade prática e emocional do embalsamamento durante a Guerra Civil Americana destacou a importância das funerárias, não apenas como prestadoras de serviços, mas como facilitadoras de rituais de despedida”, ressalta.
O surgimento dos funerais ecológicos
As funerárias também se tornaram proativas na prática de medidas sustentáveis e ecologicamente corretas ligadas aos ritos funerários. Para o CEO do Grupo Riopae, “este movimento em direção à sustentabilidade não apenas reforça o compromisso das funerárias com a comunidade e o meio ambiente, mas também destaca seu papel fundamental na promoção de valores éticos e responsáveis, em todos os aspectos da vida e da morte humanas”.
Um exemplo é a opção de caixões biodegradáveis feitos em materiais como bambu, que se decompõem de forma natural. “Esses caixões não só ajudam a preservar recursos naturais, mas também minimizam o impacto ambiental, associado aos métodos tradicionais de sepultamento”, explica Mello.
Outra opção ainda pouco conhecida é a hidrólise alcalina, processo que utiliza água, em vez de calor, para decompor o corpo, reduzindo as emissões de carbono. “Além de ser uma alternativa mais ecológica, a hidrólise alcalina, também consome menos energia e recursos, tornando-se uma escolha atraente, para aqueles preocupados com questões ambientais”.
Por fim, existem ainda os cemitérios ecologicamente corretos, projetados para permitir que a vegetação local se desenvolva de forma natural sobre os túmulos.
Para mais informações, basta acessar: https://www.crematoriosaojoao.com.br/home