Mulheres assumem a liderança e debatem desigualdade de gênero nas empresas

A frase “Deus me livre de mulher CEO”, reacendeu a discussão sobre os desafios enfrentados pelas mulheres no mercado de trabalho, especialmente em posições de liderança.
03 Out 2024 - 10h37 | Atualizado em 03 Out 2024 - 10h37
Mulheres assumem a liderança e debatem desigualdade de gênero nas empresas

Apesar dos avanços em termos de igualdade de gênero, muitas mulheres ainda se deparam com barreiras significativas para alcançar cargos executivos e equilibrar suas vidas pessoais e profissionais.

De acordo com dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), as mulheres representam a maioria nas graduações de nível superior, superando os homens em aproximadamente 4%. 

Em cursos que tradicionalmente eram dominados por homens, como Ciências Contábeis, a presença feminina também se tornou mais expressiva. Contudo, esses números positivos não se refletem na ocupação de cargos mais elevados, onde o “teto de vidro” ainda é uma realidade.

O “teto de vidro” é um termo utilizado para descrever as barreiras invisíveis que impedem mulheres de concorrer em pé de igualdade com os homens em processos de ascensão na carreira. 

Esses obstáculos, muitas vezes, não são enfrentados pelos homens e incluem desde estereótipos de gênero até a discriminação salarial. Dados do IBGE de 2023 revelam que as mulheres recebem, em média, 20% menos que os homens, mesmo exercendo funções semelhantes.

Para combater essa desigualdade de gênero, o Governo Federal sancionou, em novembro de 2023, a Lei nº 14.611, que estabelece penalidades para empresas que não equiparam os salários entre homens e mulheres. “Tais medidas são fundamentais, porém ainda insuficientes”, afirma Priscila Maluzza Pissinato, contadora e professora do curso de Ciências Contábeis no Centro Universitário UniPaulistana. “O que se nota na prática são mulheres ocupando cargos inferiores aos homens, com salários menores, mas exercendo muitas vezes trabalhos em proporções muito maiores e até mesmo de mais responsabilidades.”

Outro desafio significativo enfrentado pelas mulheres é a conciliação entre a vida profissional e a maternidade. Segundo pesquisa divulgada pelo Valor Investe, 56% das mulheres perdem seus empregos após a licença maternidade. Esse cenário é agravado por práticas discriminatórias durante entrevistas de emprego, como perguntas sobre planos familiares, que raramente são feitas aos candidatos homens.

Para mitigar essas práticas discriminatórias, o Conselho Nacional de Justiça (CNJ) publicou, em 2021, um Protocolo para Julgamento com Perspectiva de Gênero, com o intuito de orientar decisões judiciais em casos de desigualdades e discriminação contra mulheres. 

No entanto, Priscila ressalta que ainda há um longo caminho a percorrer. “Diversas empresas têm se mobilizado em criar culturas ante segregação de gêneros, com políticas internas mais equânimes. Não é possível generalizar as más posturas, porém, ainda é preciso a criação de legislações e protocolos para se minimizar os efeitos negativos que essas condutas sexistas causam.”

Apesar dos desafios, o número de mulheres que buscam qualificações e investem na carreira continua a crescer. “A mulher busca com tanto afinco essa projeção na carreira, realizando mais formações e dedicando cada vez mais ao trabalho, e precisa ser reconhecida por seu esforço, atingindo cargos de liderança em grandes empresas”, conclui a professora.

O debate sobre a igualdade de gênero nas organizações é urgente e precisa ser amplamente discutido para que mais organizações se engajem em políticas que promovam um ambiente de trabalho mais justo e inclusivo. Afinal, a equidade entre homens e mulheres não é apenas uma questão de justiça, mas também de desenvolvimento econômico e social.



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