Observa-se na última década um aumento significativo de novos produtos eletroeletrônicos no mercado de iluminação, impulsionado, em grande parte, pela competitividade de custos de produtos importados e pela versatilidade da tecnologia LED, aliada à capacidade de inovação dos fabricantes.
Um exemplo é o das chamadas “lâmpadas ventiladores”, dispositivos de baixo custo e instalação simplificada — bastando a remoção de uma lâmpada convencional de um bocal E27 para sua fixação, sem exigência de conhecimento técnico especializado e compatibilidade com a maioria de bocais existentes em instalações residenciais e comerciais, além de operação via controle remoto.
Entretanto, preocupada com a segurança dos consumidores, a Associação Brasileira de Fabricantes e/ou Importadores de Produtos de Iluminação (Abilumi) chama a atenção para a concepção do bocal E27, inadequada para esse tipo de produto. O soquete, criado para fixar e conectar lâmpadas à rede elétrica, foi desenvolvido por Thomas Edison há mais de 120 anos. Sua concepção original destinava-se exclusivamente à sustentação de lâmpadas incandescentes, dispositivos estes leves e estáticos.
“É neste ponto que reside o cerne do problema. O bocal E27 foi projetado para suportar o peso estático de uma lâmpada, tipicamente entre 50g e 220g. Em contraste, uma ‘lâmpada ventilador’ possui uma massa consideravelmente maior, variando entre 600g e 900g, incorporando um motor que induz movimento rotacional contínuo ao dispositivo”, alerta Rubens Rosado, engenheiro eletricista e Assessor Técnico da Abilumi. “Essa disparidade de características introduz um cenário de risco potencial para a integridade da instalação elétrica e a segurança dos usuários”, afirma o especialista.
Segundo ele, uma forma de mitigar esses riscos reside na fiscalização de mercado, conduzida por órgãos como o Instituto Nacional de Metrologia, Qualidade e Tecnologia (Inmetro) e o Instituto de Pesos e Medidas (IPEM) em âmbito nacional. Este tipo de fiscalização visa a verificar a conformidade dos produtos comercializados com as regulamentações vigentes, abrangendo desde inspeções visuais e técnicas até ensaios em laboratórios acreditados.
No caso específico das “lâmpadas ventiladores”, três regulamentações se mostram pertinentes, segundo o engenheiro:
- Estabelece os requisitos obrigatórios para lâmpadas LED com dispositivo de controle integrado à base, abrangendo desempenho, segurança elétrica, compatibilidade eletromagnética e outros aspectos;
- Portaria Inmetro nº 465, de 23 de novembro de 2021 ? Define os Requisitos de Avaliação da Conformidade (RAC) para ventiladores de teto;
- Portaria Inmetro nº 148, de 2022 - Dispõe sobre os Requisitos de Avaliação da Conformidade para aparelhos eletrodomésticos e similares.
“A análise das ‘lâmpadas ventiladores’ pela visão dessas portarias é crucial para garantir que esses produtos atendam aos padrões mínimos de segurança e desempenho, considerando as especificidades de sua aplicação e os riscos potenciais associados à sua instalação em bocais E27”, destaca Rosado.
“A incompatibilidade mecânica e o não cumprimento das regulamentações específicas para este dispositivo exigem uma ação coordenada entre fabricantes e órgãos reguladores para proteger os consumidores e suas instalações elétricas. Mas, antes de mais nada, é importante que os consumidores estejam cientes desses perigos e busquem alternativas seguras e em conformidade com as normas e regulamentos técnicos”, completa o especialista da Abilumi.
Website: https://www.abilumi.org.br