Fundação Energia e Saneamento preserva documentação da hidrelétrica Henry Borden

A hidrelétrica Henry Borden, em Cubatão, na Baixada Santista, completa 96 anos neste mês de outubro
14 Out 2022 - 15h31 | Atualizado em 14 Out 2022 - 15h31
Fundação Energia e Saneamento preserva documentação da hidrelétrica Henry Borden

A Fundação Energia e Saneamento detém e preserva a documentação histórica da construção do Complexo Henry Borden -, operado pela Empresa Metropolitana de Águas e Energia (EMAE), oriunda da antiga Light -, localizada em Cubatão, como relatórios, mapas e fotos, disponíveis de forma gratuita. Esse mês, a hidrelétrica completa 96 anos.

Na primeira metade do século 20, a hidrelétrica forneceu eletricidade que garantiu o crescimento do parque industrial paulista e a expansão da urbanização de boa parte da capital e região metropolitana. A usina integrou um projeto de engenharia que contemplou a criação de outras estruturas, como o reservatório Billings e o canal Pinheiros. Hoje, ambos possuem outras funções primordiais na capital, como o abastecimento de água e controle de cheias.

O complexo Henry Borden, localizado no sopé da Serra do Mar, utiliza água da Bacia do Rio Tietê, que teve seu curso alterado para descer a Serra do Mar. Do Rio Pinheiros, a água vai para a Represa Billings e depois para a Represa Rio das Pedras, reservatório da usina, percorrendo túneis abertos na serra até a usina em Cubatão. A primeira unidade do complexo foi inaugurada em 1926 e as demais foram instaladas até 1950.

A Usina Henry Borden integra um grande investimento da companhia canadense The São Paulo Tramway, Light and Power Company Limited, a Light, pioneiro no mundo, e foi a principal obra do Projeto da Serra, a maior hidrelétrica do Brasil, projetada entre as décadas de 1920 e 1960 para aumentar o fornecimento de energia elétrica para a capital paulista, que estava crescendo rapidamente. 

O projeto pioneiro teve grande impacto econômico, social e ambiental, com seus reservatórios e barragens, além de inversões e canalizações de rios. A usina mudou a paisagem da baixada e contribuiu para a criação do polo industrial de Cubatão. A região foi escolhida por ficar entre São Paulo e Santos, pela proximidade com a estrada de ferro da São Paulo Railway e pelo desnível de 720 metros entre a serra e o nível do mar, dando força às águas para movimentar as turbinas.

As obras tiveram início em 1925, com cerca de seis mil operários. A usina ainda conta, atualmente, com o maquinário original e com a atuação de cerca de 200 pessoas na operação e manutenção das instalações do complexo Henry Borden, que integra duas usinas, externa e subterrânea, que totalizam 889 MW de capacidade. As principais instalações do Projeto da Serra foram as barragens no Rio Tietê, a retificação do Rio Pinheiros e a construção das usinas elevatórias no canal, o Reservatório Billings e a Henry Borden. 

Bombardeio na Revolução de 1932

Na Revolução de 1932, que surgiu de uma crise entre o Estado de São Paulo e o governo federal, resultando em um grande confronto bélico, uma das táticas usadas pelo Governo Vargas para forçar a rendição paulista foi interromper o fornecimento de energia, bombardeando a Usina de Henry Borden, então Usina de Cubatão, na época a maior usina paulista, responsável pelo abastecimento direto de energia a São Paulo. 

O bombardeio tinha o propósito de pressionar os rebeldes e interromper o abastecimento de energia para as fábricas adaptadas em indústrias de guerra, prejudicando a produção e o fornecimento das tropas paulistas. No dia 29 de julho, a usina foi atingida por bombas lançadas por aviões do governo federal. A Revolução de 1932 durou três meses e a rendição foi assinada em 1º de outubro, com a derrota dos rebeldes.

Acervo Histórico 

A Fundação Energia e Saneamento desenvolve projetos completos de organização de arquivos, sistematização, racionalização e recuperação rápida e eficiente das informações contidas nos documentos arquivados. Coordena a implantação do sistema Enerweb, ferramenta digital desenvolvida pela Fundação e para gestão de acervos arquivísticos, bibliográficos e museológicos. 

A história da Fundação começa em 1998, quando as empresas do setor elétrico brasileiro estavam sendo privatizadas e o governo estadual paulista criou um órgão para preservar a memória e o patrimônio do gás e da eletricidade no Estado. Em 2004, a Fundação incorporou a temática do saneamento e surgiu o nome Fundação Patrimônio Histórico da Energia e Saneamento ou Fundação Energia e Saneamento.

Organização sem fins lucrativos, a Fundação atua em todo o Brasil, desenvolvendo projetos culturais e educativos que contribuem para a democratização do acesso ao patrimônio cultural, visando o fortalecimento da cidadania e o uso responsável dos recursos naturais.

O acervo da Fundação é composto por mais de 1.600 metros lineares de documentos técnicos e gerenciais, 260 mil documentos fotográficos, cerca de 4.000 objetos museológicos, 50 mil títulos na biblioteca, além de documentos cartográficos, audiovisuais e sonoros, reunidos a partir de meados do século 19.

A Fundação guarda também um rico patrimônio arquitetônico e ambiental. São quatro Centrais Geradoras Hidrelétricas (CGHs), as usinas Parque de Salesópolis, Rio Claro, Brotas e Santa Rita do Passa Quatro, algumas com áreas remanescentes de Mata Atlântica, e dois imóveis urbanos em Itu e Jundiaí.





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