Como o Nubank causou a revolução no mercado de bancos digitais
Nubank surpreende com lucros recordes e conquista o mercado nacional, enquanto concorrentes enfrentam dificuldades. Modelo inovador desafia os bancos tradicionais.

David Vélez surpreendeu quando deixou sua carreira no setor de capital de risco em 2013 para fundar um banco digital no Brasil. A conquista mais recente ocorreu em 15 de maio, quando sua empresa Nubank superou as expectativas dos analistas ao registrar um lucro líquido de US$ 142 milhões no primeiro trimestre e uma receita de US$ 1,6 bilhão, um aumento de 87% em relação ao ano anterior.
Nubank criado em 2013 hoje ocupa uma das posições principais no mercado de bancos no Brasil (Foto: Reprodução/Depositphotos)
Considerando quantas outras fintechs estão enfrentando um crescimento lento e lucros escassos ou inexistentes, os resultados foram ainda mais impressionantes. As ações do Nubank, negociadas na Bolsa de Valores de Nova York, subiram 30% desde o relatório, subindo o seu valor de mercado para US$ 37 bilhões e a participação de Vélez para praticamente US$ 8 bilhões, correspondendo a uma participação de 21%.
Atualmente, o Nubank possui surpreendentes 46% dos adultos do Brasil como clientes. Em apenas dois anos, sua base de clientes mais do que dobrou, chegando a 80 milhões de pessoas no Brasil, México e Colômbia. Tudo isso é realizado com apenas 8 mil funcionários.
Por outro lado, o Chime, o banco digital de maior sucesso nos EUA, tem menos de 20 milhões de usuários registrados (número não divulgado). No ano passado, durante a desaceleração do crescimento,o banco demitiu 12% de sua equipe e agora vale muito menos do que os US$ 25 bilhões em que foi avaliado durante uma rodada de financiamento em 2021, durante o boom das fintechs impulsionado pela pandemia.
Vélez considera completamente previsível que o Nubank supere seus concorrentes. Ele afirma que isso acontece mais rapidamente em mercados emergentes do que em economias desenvolvidas como os EUA ou a Europa, devido à maior dor do consumidor que está sendo abordada nos mercados emergentes. Essas palavras foram ditas pelo executivo, em uma entrevista à Forbes.
Uma década atrás, quando o Nubank foi lançado, cinco bancos brasileiros controlavam 80% do mercado, lucrando com empréstimos com taxas de juros anuais de 200% a 400% e cobrando taxas mensais por diversos serviços, desde proteção contra fraudes até alertas de mensagens de texto.
Enquanto a maioria dos bancos digitais dos EUA começou com uma conta corrente e um cartão de débito, o Nubank lançou-se com um cartão de crédito sem taxas. Isso foi possível porque eles não precisavam de uma licença bancária para emitir um cartão, e a maioria dos emissores de cartões no Brasil cobrava taxas.
Foto Destaque: Nubank. Reprodução/Depositphotos