Thiago, 26 anos, estudante de engenharia de software em uma faculdade no Rio de Janeiro (RJ), passou a utilizar a medicação a fim de aumentar o rendimento nos estudos. O rapaz conta que já observava a experiência dos colegas - "Eu comecei a tomar Ritalina em festas e, depois que entrei na faculdade, descobri que as pessoas usavam para poder estudar".
Receitada por psiquiatras para pessoas diagnosticadas com TDAH (transtorno de déficit de atenção e hiperatividade), a Ritalina e o Venvanse agem diretamente no sistema nervoso central regulando os níveis dos neurotransmissores noradrenalina e dopamina. Os medicamentos resultam na redução da impulsividade e hiperatividade e aumentam a atenção de quem sofre com o transtorno.
Riscos
TDAH em mulheres (Foto:Reprodução/ Associação Brasileira do Déficit de Atenção)
Eugênio Grevet, psiquiatra e coordenador do Programa de Transtornos de Déficit de Atenção e Hiperatividade (ProDAH) do Hospital das Clínicas de Porto Alegre (RS), chama o uso de Ritalina e Venvanse por pessoas sem o transtorno, de "dopping cognitivo". E ressalta a importância de o cérebro ter flexibilidade para reagir às mudanças ao longo do dia.
Quando pessoas sem TDAH usam esse tipo de medicamento, elas perdem essa habilidade, pois, a noradrenalina e a dopamina já aparecem em níveis normais no organismo delas. A produção extra desses neurotransmissores causada pelos remédios, deixa o cérebro "travado"; provocando um efeito contrário do almejado, isto é, queda no desempenho.
"Quando essas drogas são usadas como "smart drugs", o ganho é pequeno. E, a longo prazo, elas prejudicam a capacidade de memorização, porque você põe o corpo em sobrecarga", diz Mário Louzã, psiquiatra e professor da Universidade de São Paulo (USP).
Alerta
A Ritalina e o Venvanse têm sido chamadas de "drogas inteligentes” ou "smart drugs", podem provocar efeitos colaterais imediatos, como aumento da frequência cardíaca e pressão arterial. Thiago recorre ao remédio três ou quatro dias seguidos, dependendo das suas demandas, uma dose inibe o cansaço da noite anterior. Mas ele conta que após interromper o uso, perde o apetite e sofre o dobro do cansaço.
A automedicação é perigosa, traz sérios riscos à saúde e pode matar. Por este motivo, não é recomendada.
Foto Destaque: Medicação utilizada no tratamento de TDAH/ Reprodução/ Aqui noticias.