Em um feito inédito na história da medicina, um homem de 71 anos se tornou a primeira pessoa viva a receber um transplante de fígado de porco. A operação foi realizada no First Affiliated Hospital da Anhui Medical University, na cidade chinesa de Hefei, em maio deste ano.
O paciente, portador de um tumor no fígado, não era candidato a um transplante humano devido ao mau funcionamento do órgão, o que tornava o procedimento de alto risco. Diante dessa situação, a equipe médica, liderada pelo cirurgião Sun Beicheng, optou pelo xenotransplante (transplante entre diferentes espécies) de fígado de porco geneticamente modificado como última esperança.
O caminho para o sucesso
O transplante na China foi precedido por uma série de estudos e procedimentos anteriores. Em janeiro deste ano, uma equipe nos Estados Unidos conectou um fígado suíno geneticamente modificado em um paciente clinicamente morto. Em março, outro transplante similar foi realizado, com o fígado funcionando por 10 dias sem rejeição. Em maio, uma equipe chinesa transplantou rim e fígado de porco em um indivíduo com morte cerebral.
O procedimento e esperança para o futuro
No caso do paciente na China, o fígado do porco passou por dez modificações genéticas para reduzir o risco de rejeição. Três genes que produzem açúcares atacados pelo sistema imunológico humano foram desativados, enquanto sete genes que expressam proteínas humanas foram introduzidos. Além disso, o porco foi criado em um ambiente livre de patógenos para evitar a transmissão de doenças para o receptor.
Operação foi feita na "First Affiliated Hospital da Anhui Medical University", em Hefei, China (reprodução/Anhui Medical University)
O Dr. Beicheng espera que o fígado do porco funcione como uma solução temporária para o paciente, permitindo que seu fígado natural cresça o suficiente para assumir a função completa.
Se a recuperação correr como previsto, a novidade pode significar um avanço positivo para a espera por órgãos. No Brasil, há mais de 42 mil pessoas que aguardam na fila por um transplante de órgãos e 500 delas são crianças. Somente no ano passado, 3 mil pessoas morreram à espera da doação de um órgão vital, segundo dados do Conselho Nacional de Justiça.
Foto destaque: Cirurgião pegando instrumento cirúrgico de uma bandeja (foto: Morsa Images/reprodução: Getty Images Embed)
