Na década de 80, cientistas cunharam um termo após realizarem pesquisas sobre a atividade cerebral em um grupo de pessoas, encontrando alterações que beneficiam o paciente sobre o avanço de doenças neuro degenerativa, como Alzheimer e Parkinson. O nome dado foi “Reserva Cognitiva” e ela deve ser desenvolvida ao longo da vida, criando novas sinapses e fortalecendo as redes do cérebro.
Assim como exercícios físicos beneficiam o corpo humano, tais práticas fortalecem a saúde do cérebro evitando o surgimento de sintomas relacionados a doenças cerebrais degenerativas, como esclerose múltipla, acidente vascular cerebral (AVC) e demência.
Para o professor do departamento de psicologia experimental da Universidade de Sevilha, na Espanha, Manuel Vázquez Marrufo, a reserva cognitiva uma espécie de propriedade que temos que nos protege contra lesões que ocorrem no cérebro. “A capacidade do nosso cérebro de improvisar e encontrar formas alternativas de fazer tarefas”, acrescenta o Vázquez.
Montar quebra-cabeça melhora o condicionamento do cérebro. (Foto: Reprodução/ Freepik)
Em 2017, uma pesquisa publicada na revista científica The Lancet concluiu que pessoas que continuam aprendendo tem maior chance de aumentar as reservas cognitivas. Segundo a pesquisa fatores externos favorecem o indivíduo na construção da reserva, como educação e atividades recreativas estimulam o cérebro. De acordo com o especialista: "Vai depender de suas atividades, desses fatores externos que você promoveu, que vão gerar reservas em alguns elementos cognitivos, como: memória e linguagem".
Para Vázquez, atividades diárias como aprender um instrumento musical, aprender um idioma novo, realizar desafios matemáticos, de lógica ou, outros mais simples, como palavras cruzadas, sudoku e uma simples rota alternativa para ir de casa ao trabalho, geram novas conexões sinápticas que favorecem o cérebro prevenindo a independência cerebral contra traumas e lesões.
Em 1986, o epidemiologista David Snowdon realizou um estudo no convento de Minnesota (EUA) com um grupo de 700 freiras realizando testes de memória em todos os anos. A pesquisa aponta que as irmãs que os escreviam frases extensas e tinham ideias mais complexas demonstravam maior saúde cerebral sendo menos propensa a desenvolver demência. Uma delas, Irmã Mary, tinha a maior pontuação dos testes mesmo antes de falecer aos 101 anos. O estudo ficou conhecido como “Estudo das Freiras” e rendeu o documentário Aging with Grace (Envelhecendo com Graça), disponível na BBC.
Foto Destaque: Para melhorar o condicionamento do cérebro é preciso empenho assim como ter músculos. Reprodução/ Ilustração/ Jon Krause