Saúde

Remissão do HIV ainda encontra obstáculos para a cura definitiva

Infectologista falou sobre o caso do 7º paciente curado do vírus HIV, se é possível que a cura seja fornecida para toda a população e os riscos encontrados

18 Jul 2024 - 19h53 | Atualizado em 18 Jul 2024 - 19h53
Remissão do HIV ainda encontra obstáculos para a cura definitiva Lorena Bueri

Durante esta quinta-feira (18), os médicos anunciaram a cura do 7º paciente que dispunha o vírus HIV, em Berlim, na Alemanha. O paciente, que prefere o anonimato, é reconhecido pelo apelido “novo paciente de Berlim”, e não apresentou carga viral após seis anos de um transplante de medula óssea. O paciente é um cidadão de 60 anos de nacionalidade alemã, e ganhou o apelido em referência ao primeiro “paciente de Berlim”, Timothy Ray Brown, que em 2008 obteve a cura do vírus HIV, e faleceu em 2020 devido a um câncer.

Após ser diagnosticado com o vírus em 2009, o “novo paciente de Berlim” precisou realizar um transplante de medula óssea para tratar uma leucemia diagnosticada em 2015, interrompendo seu tratamento antirretroviral no final de 2018. 

Entenda como é possível alcançar a "cura" do HIV

O termo “cura” não é indicado para esses casos, pois existem critérios específicos para considerar um paciente com a condição de "curado". É mais apropriado referir-se a esses casos como “remissão sustentada do HIV sem antirretrovirais”, diz o infectologista da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), Ricardo Diaz.


O Paciente, Timothy Ray Brown, fotografado em Seattle, nos Estados Unidos (Foto: reprodução/Manuel Valdes/AP/G1)


"Isso quer dizer que você tira o tratamento e o vírus não volta. Em algumas pessoas a gente tem evidências muito fortes de que realmente o vírus não existe mais. Nenhum pedacinho do vírus, nem qualquer sinal de que ele esteja escondido no corpo", confirma o infectologista.

Ricardo Diaz alerta sobre à necessidade de, no mínimo, dois anos para confirmar se o HIV não voltou sem o uso de antirretrovirais, pois a possibilidade da carga viral retornar e ser detectável após a diminuição dos anticorpos contra o vírus. O afastamento do tratamento antirretroviral é necessário, porém é um procedimento relativamente arriscado, pois ele é o responsável por impedir a multiplicação do vírus no organismo.

Os desafios da cura do HIV

Os antirretrovirais são responsáveis pela redução da replicação do HIV e pela prevenção de sua propagação. No entanto, para eliminar o vírus dos reservatórios latentes, é necessário “acordá-lo”, para poder ser atacado pelo sistema imunológico ou por terapias adicionais. O infectologista explica detalhadamente como funciona a eliminação do vírus: "Tem uma quantidade de células – que é de 0,01% até 0,0001% – que têm vírus latente. O vírus latente vai acordando ao longo do tempo. Se você tratar as pessoas com coquetel, o vírus vai saindo da latência e você vai diminuindo essa porcentagem de vírus latente. Igual a um balãozinho, que vai murchando", explicou Ricardo Diaz. 

O médico esclarece ainda que a cura do HIV pode levar cerca de 80 anos, ou seja, é necessário tratar uma pessoa de forma efetiva por esse período. Por esse motivo, a interrupção do tratamento é arriscada, pois há a possibilidade de o vírus latente ressurgir. Os 7 casos de HIV considerados como ‘curados’ são raros e classificados como anedóticos, pois não são passíveis de serem generalizados para uma grande escala. Além disso, não são procedimentos simples, uma vez que envolvem transplante de medula, o que acarreta riscos e possíveis complicações.


Foto destaque: imagem divulgação de um vírus HIV (Reprodução: divulgação/Dr. Roberto Pestana)

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