O paciente de Genebra, nome ao qual um homem passou a ser conhecido após apresentar sinais de remissão do HIV. A situação ocorreu a longo prazo após o mesmo ser submetido a um transplante de medula óssea para tratar um câncer, pela primeira vez foi utilizada uma medula óssea sem mutações capazes de bloquear o vírus do HIV.
Desenho demonstrando como seria um transplante de medula (Foto: reprodução/Secretaria de Saúde do Distrito Federal)
Segundo os cientistas, esse feito é uma grande novidade e traz grandes contribuições para o andamento das pesquisas em busca da remissão do HIV. A informação foi apresentada nesta quinta-feira (20/07) em Brisbane, Austrália. O relato foi apresentado à sociedade três dias antes da Conferência da Sociedade Internacional de AIDS, que começa no próximo domingo no país.
Não é a primeira vez que um paciente entra em remissão após receber o transplante de medula óssea
Cinco pessoas em casos anteriores já teriam sido consideradas curadas do vírus do HIV, esses pacientes apresentavam a mesma situação em comum, todos estariam com células cancerígenas no sangue e ao receberem as novas células-tronco por meio do transplante o sistema imunológico dessas pessoas foram renovadas.
Nos casos anteriores o doador escolhido possuía uma mutação rara em um gene chamado de CCRs delta 32, essa mutação é responsável por impedir que o HIV entre nas células.
O paciente de Genebra apresenta uma situação diferente dos casos anteriores, em 2018 na tentativa de tratar a leucemia o rapaz recebeu um transplante de células troncos. O doador não possui mutação CCRs responsável por bloquear o vírus, vinte meses após interromper o uso do antirretroviral o vírus continua indetectável no organismo do paciente.
O homem suspendeu o tratamento em novembro de 2021 e segue sem a presença da infecção, os cientistas não descartam a possibilidade de que o vírus ainda esteja presente nas células do paciente, mas a situação é vista como uma forma da remissão da doença.
O paciente de Genebra não foi o único a receber células-troncos sem a mutação do gene CCRs
Dois pacientes conhecidos como os pacientes de Boston receberam transplantes de células-troncos sem a mutação do gene. Alguns meses após os dois terem interrompido o tratamento com o antirretroviral, o vírus se manifestou novamente no organismo dos mesmos. Isso teria ocorrido, pois o HIV estaria em um estado de dormência, impossibilitando que o vírus se manifestasse no organismo.
Cientistas afirmam que caso a infecção não se manifeste nos próximos 12 meses existe uma grande possibilidade que o vírus continue detectável no futuro, este paciente precisará ser monitorado todos os meses por vários anos, eles ressaltam que apenas uma única partícula do vírus é capaz de causar o rebote do HIV.
Foto destaque: testagem do vírus HIV. Reprodução/Getty Imagens/UOL