O coração e os olhos são essenciais à vida e são especialmente venerados pelas pessoas. Nas artes, é quase inevitável pensar o quanto poetas, pintores, músicos, escultores e outros baseiam suas obras em algum dos dois assuntos. Na medicina, antes que se tivesse o conhecimento do papel do cérebro, era no coração que civilizações antigas viam o centro de tudo. Pelos olhos se pode identificar uma variedade de doenças e um novo estudo fez avançar o quanto mais os olhos podem revelar sobre o coração.
A pesquisa, divulgado na revista científico British Journal of Ophthalmology, analisou que se seria possível melhorar o cálculo da chance de uma pessoa sofrer acidente vascular cerebral, infarto do miocárdio (IM) e mortalidade circulatória ao usar recursos de IA (inteligência artificial) no exame dos olhos. Isso foi feito utilizando a IA num método com o pouco simpático nome de vasculometria retiniana, que é a análise de imagem de vasos sanguíneos da retina.
Foram examinadas imagens por volta de 95 mil voluntários, que possuíam de 40 a 69 anos; destes, pouco mais de 88 mil constavam do UK Biobank (informações ligadas ao sistema público de saúde britânico) e outras 7 mil da EPIC (Investigação Prospectiva Europeia sobre Câncer e Nutrição, na sigla em inglês). A resposta dos especialistas é que esse novo método oferece resultados igualmente capazes aos mais tradicionais, com um ganho: não é preciso ocorrer a coleta de sangue ou medida de pressão arterial.
Olho. (Foto: Reprodução/Pexels)
A pesquisa exemplifica mais uma utilização das maneiras da IA nos cuidados com a saúde. Teríamos avançado nessa direção mesmo sem a pandemia, mas isto aconteceu, e aumentou a aplicação de uma série de métodos digitais ao setor de saúde (a telemedicina sendo só a mais evidente). Exames menos invasivos podem vir a ter um efeito tranquilizador sobre as pessoas, o que incentiva justamente aquilo que vai ser o eixo central do cuidado com a saúde no futuro: a prevenção
É claro que a prevenção não pode ficar em pausa até que seja possível fazer uma longa série de exames por métodos não invasivos. Mas estes tendem a se tornar mais comuns à medida que a saúde digital se tornar mais propagados. E mesmo avanços não especialmente atrelados ao universo digital podem surgir, como o método chamado de “biópsia líquida”, desenvolvido por especialistas da UFU (Universidade Federal de Uberlândia) para auxiliar a detectar o câncer de mama através de biomarcadores no sangue.
A investigação científica vai cuidar de aumentar o alcance das novas tecnologias em formas mais extensiva e precisas de diagnóstico. E a prevenção pode achar um caminho cada vez mais favorável para se tornar a regra. A relação entre os olhos e o coração se mostra mais real do que a poesia poderia supor, afinal. Parafraseando o multitalentoso inglês G. K. Chesterton, há uma estrada que vai dos olhos ao coração que não passa pelo intelecto, e a inteligência artificial descobriu como circular por ela e nos trazer informações preciosas sobre nossa saúde.
Foto destaque: Olhos. Reprodução pexels.