OMS pede ação “urgente e coordenada” contra a varíola dos macacos
Segundo a OMS, os casos da doença causada pelo vírus monkeypox triplicaram no continente europeu nas últimas duas semanas; 4,5 mil infecções foram confirmadas em pelo menos 31 países da região.

Os casos de varíola dos macacos na Europa triplicaram nas últimas duas semanas, causando certa preocupação nas autoridades sanitárias. Em comunicado divulgado nesta sexta-feira (1º) a Organização Mundial da Saúde (OMS) pediu uma ação “urgente e coordenada” na região para conter a propagação do vírus.
O porta-voz da organização e Diretor Regional da instituição na Europa, Dr. Hans Henri P. Klug, afirmou que “a região europeia da OMS representa quase 90% de todos os casos confirmados globalmente em laboratório e reportados desde meados de maio, a ação urgente e coordenada é imperativa se quisermos mudar o rumo na corrida contra a propagação da doença”. Até o momento mais de 5 mil casos da doença foram registrados ao redor do mundo.
Ainda segundo o comunicado, 99% dos infectados na Europa são pessoas do sexo masculino com idades que variam entre 21 e 40 anos. Apesar de mulheres e crianças também serem parte dos infectados, a maioria dos casos registrados são de homens que fazem sexo com outros homens. Infecções entre membros de uma mesma família, heterossexuais e por contatos não sexuais também foram observadas. Os sintomas apresentados pelos pacientes variam desde erupção cutânea, dores de cabeça, fadiga, febre, vômitos, dores musculares, calafrios e diarreia.
O Diretor Regional pediu as autoridades europeias mais vigilância e investimentos contra a doença, como o sequenciamento genético do vírus, o diagnóstico laboratorial e uma melhor comunicação entre estado e público em geral. “Hoje, estou intensificando meu apelo aos governos e à sociedade civil para que aumentem os esforços nas próximas semanas e meses para evitar que a varíola dos macacos se estabeleça em uma área geográfica ainda maior”, disse.
Com a rápida evolução da doença a “a comissão (de especialistas da OMS Europa) irá reconsiderar a sua posição (de emergência sanitária global) em breve”, destacou Klug.
Origem e vacinas
A vacina contra a varíola humana é eficaz contra a monkeypox. (Foto: Reprodução/Getty Images)
Descoberta em 1958 na Dinamarca, a varíola dos macacos ganhou esse nome por ter sido identificada pela primeira vez em pesquisas realizadas em macacos de laboratórios. A doença é endêmica em alguns países africanos, como a República Democrática do Congo, onde o primeiro caso humano foi registrado na década de 1970, e até maio deste ano infecções fora do continente africano eram consideradas raras. A taxa de mortalidade da doença é de até 10% dos casos; crianças e mulheres grávidas compõem o grupo de risco.
A vacina para a varíola humana se mostrou eficaz para a varíola dos macacos, mas outros tratamentos também foram aprovados contra a doença em 2019 e 2022, são eles a vacina MVA-BN e o tratamento com o medicamento tecovirimat.
Em junho deste ano a União Europeia fechou um acordo com a farmacêutica dinamarquesa Bavarian Nordic, responsável pela fabricação do composto, para a produção de 110 mil doses da vacina contra a varíola dos macacos. O Departamento de Saúde e Serviços Humanos dos Estados Unidos, outro país que registrou alta contaminação do vírus, informou nesta sexta-feira que o país solicitou a farmacêutica dinamarquesa mais de 2,5 milhões de doses da vacina para conter o surto da doença no território americano. Já a Alemanha, Reino Unido e outros países, iniciaram a vacinação na população considerada do grupo de risco.
Foto Destaque: Ilustração do vírus da varíola dos macacos. Reprodução: Maurizio de Angelis/Science Photo Library.