Saúde

Novembro Azul: novo tipo de biópsia para detecção do câncer de próstata ganha espaço no Brasil

Urologistas brasileiros vão à Dinamarca conhecer possibilidades mais modernas para o procedimento.

17 Nov 2022 - 19h10 | Atualizado em 17 Nov 2022 - 19h10
Novembro Azul: novo tipo de biópsia para detecção do câncer de próstata ganha espaço no Brasil  Lorena Bueri

Um novo tipo de biópsia tem sido a grande aliada dos médicos para detectar o câncer de próstata sem causar riscos de infecções: a biópsia transperineal. Neste método, que é o mais utilizado na Europa, a introdução da agulha acontece pela região do períneo, possibilitando a coleta de fragmentos para exame em toda a extensão da próstata. Segundo dados do Ministério da Saúde, o câncer de próstata é a segunda doença maligna mais comum entre os homens, ficando atrás apenas do câncer de pele, e é o segundo tipo de câncer que mais mata, depois do de pulmão. Entre 2019 e 2021 foram mais de 47 mil óbitos no Brasil em razão desse tipo de tumor. Para mudar este cenário, surgiu o Novembro Azul, uma campanha de conscientização da população masculina sobre a prevenção da doença. 

Para o diagnóstico precoce do câncer de próstata, é recomendado começar os exames preventivos a partir dos 50 anos, ou cinco anos antes, caso o homem faça parte de um dos fatores de risco: ser afrodescendentes ou apresentar casos de câncer de próstata na família. A biópsia é solicitada quando o médico suspeita que há algo errado ao analisar os exames de sangue, no qual é observado a dosagem de PSA, e o do toque retal. Primeiramente, é feito uma ressonância magnética e, ao constatar que há um nódulo na imagem, a biópsia se faz necessária. No Brasil, a técnica mais utilizada ainda é a transretal, mas, em breve, isso deve mudar. 

Recentemente, dois urologistas brasileiros, Dr. Carlos Watanabe e Dr. Davi Constantin, que já são adeptos da biópsia transperineal, foram à Dinamarca, a convite da Strattner, para acompanhar de perto o que há de mais moderno sendo utilizado naquele país para o diagnóstico da doença. Urologista do Hospital Moriah, em São Paulo, Davi Constantin realiza a técnica transperineal desde 2019, já que este foi um dos primeiros hospitais no Brasil a adotar o procedimento, e afirma que a abordagem que viram lá pode ajudar a disseminar a técnica por todo o Brasil. “Na Dinamarca eles fazem a biópsia transperineal com anestesia local, coisa que não acontece no Brasil. Aqui, realizamos com anestesia geral, o que encarece muito o procedimento”, conta, avisando que após a virada do ano vai utilizar a nova técnica com anestesia local no treinamento dos médicos da Faculdade Cetrus, onde são atendidos pacientes que necessitam da biópsia de próstata. 

 Já o médico urologista do Hospital Sírio Libanês de Brasília, Carlos Watanabe, ficou satisfeito ao ver a maneira como realizam a biópsia transperineal na Europa. “A gente já faz uma fusão da imagem da ressonância magnética com o ultrassom, dando um resultado muito preciso, devido à tecnologia utilizada para mesclar os exames. Na biópsia transperineal, o risco em passar bactérias do reto para próstata é praticamente zero, o que é uma grande vantagem na redução das chances de infecção”, comentou, lembrando que também chamou sua atenção que os aparelhos de biópsia transretal estavam todos sem uso no hospital que visitaram na cidade de Odesen, referência no diagnóstico e tratamento de câncer de próstata na Dinamarca. 

Em um documento publicado recentemente pela Associação Europeia de Urologia, a entidade compara por meio de estudos que há uma redução de 95% de complicações por infecção quando usada a biópsia transperineal ao invés da retal. De acordo com os estudos, a chance de contaminação com a biópsia transperineal é de apenas 0,1%. 


 

(Foto/Reprodução)


Tratamento 

De acordo com os especialistas, se detectado no início, o câncer de próstata tem 90% de chance de cura.  Em geral, a cirurgia de câncer de próstata é uma excelente alternativa para o tratamento definitivo. Outra opção seria radioterapia. Atualmente há três opções de cirurgia. A cirurgia aberta tradicional com corte abaixo do umbigo, a laparoscópica e a cirurgia robótica. 

Entre as modalidades cirúrgicas, a preferida dos especialistas é a robótica. “A alta tecnologia associada ao amplo movimento das pinças, que superam os movimentos das mãos humana, proporcionam uma melhor preservação das estruturas que garantem além da cura uma melhor preservação da potência sexual e continência urinária”, afirma Constantin.  Apesar de ele recomendar, sempre que possível, a utilização do robô, o médico lembra que a videolaparoscopia também é um tratamento minimamente invasivo e tem a vantagem de ter um custo mais acessível. 

“O ultrassom moderno utilizado na biópsia da próstata, também pode se utilizado na cirurgia robótica do câncer de rim, por exemplo, apenas trocando o transdutor. Desta forma, a gente consegue avaliar o órgão por dentro, durante o procedimento de retirada do tumor ajudando a preservar o rim saudável”, afirma Watanabe.  

Foto Destaque: Reprodução

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