Saúde

Novembro Azul: homens passam por consultas médicas duas vezes menos que as mulheres

Dos atendimentos realizados pelo time de saúde da Sami, apenas 34% correspondem ao público masculino

16 Nov 2022 - 11h30 | Atualizado em 16 Nov 2022 - 11h30
 Novembro Azul: homens passam por consultas médicas duas vezes menos que as mulheres Lorena Bueri

Dados da Sami, operadora de planos de saúde, mostram que, apesar dos homens representarem 46% dos membros ativos da empresa, a procura do público masculino por consultas é duas vezes menor que a das mulheres. Esse comportamento, que acaba contribuindo com o descuido da saúde deles, já havia sido identificado pelo ministério da saúde, que alertou que apenas três em cada dez homens têm o hábito de se cuidar.

Segundo o gerente médico da Sami, Tales Shibata, a proximidade com o time de saúde - formado por um médico de confiança, enfermeiro e coordenador de cuidado - é essencial para rastrear doenças mais comuns nessa população.. “A equipe conhece o histórico familiar do paciente, seus hábitos, o que contribui com o diagnóstico e pode introduzir práticas preventivas ou tratamento adequado a cada caso. Na Sami, apenas 34% das consultas são para homens, dado que revela que o público masculino não busca acompanhamento médico”, explica.

Novembro Azul

Em 17 de novembro é comemorado o Dia Mundial de Combate ao Câncer de Próstata, data que deu origem ao movimento Novembro Azul e teve início em 2003, na Austrália, com o objetivo de chamar a atenção para a prevenção e o diagnóstico precoce das doenças que atingem a população masculina. Chegou no Brasil em 2008, com o instituto Lado a Lado pela Vida.

Câncer de próstata

Segundo o Instituto Nacional de Câncer (Inca), no Brasil, a cada dez homens diagnosticados com câncer de próstata, nove têm mais de 55 anos. “Este câncer é considerado um câncer da terceira idade, já que cerca de 75% dos casos no mundo ocorrem a partir dos 65 anos. Além disso, o histórico de câncer na família é importante para investigar. No caso de pessoas cujo pai ou irmão tiveram câncer de próstata antes dos 60 anos, é um ponto de atenção”, destaca Shibata.

Com exceção desses grupos considerados de maior risco, a Organização Mundial da Saúde e o Ministério da Saúde não recomendam a realização de exames de rotina para identificar esse tipo de câncer. “Quando os homens buscam ativamente o rastreamento desse tipo de tumor, eles precisam ser informados sobre os riscos envolvidos - como chance de impotência e infecções por conta dos exames e tratamento - e sobre a possível ausência de benefícios desses exames feitos como rotina, e é o que fazemos por meio do time de saúde da Samii”, sinaliza o médico, que completa: “Individualizar a abordagem é fundamental. Aproximadamente 50% dos casos de cânceres de próstata têm crescimento lento, e a maioria não precisa de tratamento - o que ajuda a evitar os riscos associados às biópsias e tratamentos.”

Homens vivem menos que as mulheres

Além de não se atentarem tanto à saúde, os homens também estão mais suscetíveis a mortes por causas externas - que são acidentes de trânsito, homicídios, suicídios. Não à toa, de acordo com dados do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), os homens vivem, em média, 7,1 anos menos do que as mulheres.

O médico da Sami explica que, culturalmente, as pessoas do sexo masculino foram condicionadas de serem provedores e invencíveis, assumindo muitas vezes profissões de maior risco ocupacional, sem se preocuparem com prevenção de doenças e também cuidados com a saúde mental. “Por tal motivo, mais homens morrem devido ao suicídio do que mulheres”, conclui.

Foto Destaque: Reprodução

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