Cientistas da Universidade de Harvard, nos Estados Unidos, desenvolveram um novo tipo de vacina contra o câncer capaz de impedir que tumores se “protejam” de ataques do sistema imunológico. A nova tecnologia, já testada em macacos e camundongos, é considerada segura e eficaz e aponta caminhos favoráveis à proteção contra a doença.
Um estudo realizado em parceira com outras universidades americanas, foi publicado nesta quarta-feira (25) na Nature, uma das revistas mais conhecidas e respeitadas pela comunidade científica.
A doença
O câncer é originado através da junção de células anormais – que crescem e se dividem mais do que o normal ou que não morrem quando deveriam – que formam pequenas ou grandes massas de tecido, denominadas tumores. Esses tumores possuem proteínas em suas superfícies que quando se mutam, conseguem ‘desviar’ dos ataques do sistema imune do nosso corpo.
A maioria das vacinas ajudam o sistema imunológico a reconhecer e atacar essas proteínas, também chamadas de antígenos, mas nem todos são eficazes por não evitar as mutações das células. O novo estudo, entretanto, apresenta um novo ‘desenho’ para a vacina, que pode impedir que os antígenos alterem suas formas e escapem do ataque imunológico.
Técnica inovadora
Para combater o câncer, a vacina induz um ataque coordenado às células-T e as células NK (natural killers, em inglês e exterminadoras naturais, em português), dois tipos de células imune. Dessa forma, o ataque acontece independentemente dos antígenos do tumor mostrados ao nosso sistema imune.
Para os cientistas a vacina é eficaz e capaz de impedir, também, que o câncer se espalhe para outras regiões do corpo após intervenção cirúrgica. “A vacina é eficaz em um cenário clinicamente importante: a imunização após a remoção cirúrgica de tumores primários altamente metastáticos e inibe o crescimento posterior de metástases. Esse projeto de vacina permite imunidade protetora mesmo contra tumores com mutações de escape comuns”, escreveram os autores na publicação.
Outras vacinas em desenvolvimento
Cientistas do centro de pesquisa e tratamento do câncer City of Hope (Cidade da esperança, em tradução livre), nos Estados Unidos, juntamente com a empresa australiana de biotecnologia Imugene, realizaram o primeiro teste em humanos de uma vacina contra o câncer chamada CF33-hNIS ou Vaxinia.
Vacina mira infecção das células que causam a doença e a explosão das mesmas. (Foto: Reprodução/Nopparit/IStock)
O novo tratamento clínico consiste em injetar nos voluntários, pacientes oncológicos com tumores sólidos e que já passaram ou outros tratamentos, um vírus comum modificado, que tem como alvo a infecção das células cancerígenas, causando em seguida a morte dos tumores.
O primeiro paciente recebeu a vacina no dia 17 de maio. Se tudo ocorrer bem, novos testes clínicos devem ser realizados para que a comercialização do produto seja aprovada.
Foto Destaque: Pesquisadores desenvolvem vacina que pode curar o câncer. Reprodução/Pixabay.