Não são apenas as catástrofes ambientais, como tempestades, alagamentos e deslizamentos de terra, as consequências das mudanças no clima no planeta. O aumento exacerbado da temperatura, além das mortes causadas pelo próprio calor, também favorece a proliferação de inúmeros vírus, assim como a alteração de sua própria genética, segundo cientistas.
Incontroláveis
O acúmulo de água parada, desleixo do próprio homem e, que leva a proliferação de vários mosquitos responsáveis por doenças, já é um problema que se tenta controlar há muito tempo, principalmente no verão, normalmente a época mais quente do ano. Porém, essa afirmação de “época mais quente do ano” não cabe mais. Com as questões climáticas sérias que o planeta vem enfrentando, as estações do ano já não são mais base para a definição do clima.
O chamado “calor fora de época” vem sendo cada vez mais comum com o passar dos tempos. E assim, passamos ou por longos períodos de seca, ou por longos períodos de chuvas que, em algumas regiões, quase “dilúvios”, levando a impossibilidade de controlar os focos de águas paradas, dependendo, muitas vezes, do próprio clima para resolver a questão.
Outra questão, além do volume de água, é o aumento de sua temperatura, que propicia um ambiente mais favorável a proliferação de microrganismos, responsáveis por inúmeras doenças.
Mosquito da malária (Foto: reprodução/Pixabay)
Doenças que preocupam
Desta forma, doenças como a dengue, por exemplo, causada pelo mosquito que se reproduz através da proliferação de suas larvas justamente em água parada, aumenta de uma forma quase incontrolável.
Segundo números levantados pelos órgãos responsáveis, o aumento de focos do mosquito da dengue chegou a 94% dos municípios do Rio Grande do Sul - que sofre com inúmeros alagamentos devidos às tempestades que assolam o estado e elevam muito o volume das chuvas. Assim como em países onde quase não se ouvia falar em dengue como Itália, França e Espanha, que já contam com casos de infecção na própria região, autóctones.
Nos Estados Unidos, é a disseminação da malária, dentro do próprio território, que preocupa os pesquisadores, que afirmam isso nunca ter ocorrido antes. Segundo os estudiosos, antes, os casos da doença que ocorriam no país se davam devido à transmissão por pessoas que haviam viajado para fora, a países onde era comum a malária. Hoje não, hoje, os focos da doença se dão dentro do próprio território.
Alteração genética
Segundo pesquisadores do Laboratório de Virologia da USP, já são evidentes as alterações na cadeia genética de vírus como o da gripe, por exemplo, causadas pelas mudanças climáticas. Determinados vírus tinham maior incidência em determinadas épocas do ano, como é o caso do RSV, responsável pela bronquiolite, porém, agora, isso deixou de ser regra, levando a possibilidade de casos da doença o ano todo, segundo Edison Luiz Durigon, chefe do laboratório, em entrevista para o Jornal Nacional, da Rede Globo.
Solução
Infelizmente, a “luz no fim do túnel” parece cada vez mais longe, afinal, a situação só está como está por conta da irresponsabilidade do homem que, mesmo com todos os avisos da classe científica, continuou a depredar o planeta. Segundo Durigon, mais que políticas públicas, campanhas de conscientização, é preciso realmente que o ser humano tenha “bom senso” e entenda, que só ele pode remediar a situação, porque reverter, impedir, isso já não é mais possível. A conta já começou a chegar, e não está nem perto do fim, só deve cada vez mais aumentar se nada for feito hoje.
Foto Destaque: planeta Terra doente (Reprodução/Pixabay)