Lideranças indígenas denunciam a falta de acesso à saúde na Terra Cana Brava, no Maranhão. Na aldeia Coquinho, onde vivem 700 pessoas, não tem uma visita médica há pelo menos seis meses. No consultório de um posto de saúde, os poucos remédios encontrados estão fora da validade.
"Não dão remédio. Muitas vezes a gente passa um remédio caseiro para passar aquela dor, mas não se cura”, disse o cacique José Luciano Caminha Guajajara em entrevista ao Jornal Hoje.
Depois de muita pressão dos indígenas, o posto na Aldeia Coquinho, em Jenipapo dos Vieiras, foi retomado em julho deste ano, mas nunca foi entregue para a comunidade. Os equipamentos seriam para instalação de um gabinete odontológico estão dentro de caixas há cinco anos.
Medicamentos. (Foto: Reprodução/CNN)
A Terra Cana Brava abrange mais de 130 mil hectares, onde vivem cerca de 4500 indígenas da etnia Guajajara, porém, os três postos de saúde que existem na reserva para atender a 263 comunidades estão em condições precárias. Desde o começo deste ano, houve quatro protestos contra a situação de abandono de saúde nas aldeias.
“Aqui tem vários tipos de doenças: diabete, pressão alta, tem a barriga distendida que se chama diarreia, tem as crianças manchadas. A gente não sabe diagnóstico dessas crianças”, explicou Kerliane Nascimento (moradora da aldeia) ao Jornal Hoje.
Uma indígena, de 78 anos, com a doença de Parkinson depende de um remédio de uso contínuo, mas a medicação está em falta no posto de saúde da região.
“Quando eu fico com as crises, às vezes que eu tenho que suportar a dor na minha casa porque não tem um medicamento para poder tomar. Às vezes, a gente mesmo compra remédio. E quando não tem dinheiro tem que sofrer com a dor", afirma a manicure Eliane Mariano Santos Guajajara, de 21 anos, ao Jornal Hoje. Eliane sofre com dores de uma pedra no rim desde os 14 anos, também sofre com o descaso.
Foto Destaque: Aldeia Guajajara. Reprodução/IREE