O sistema Vigilância de Fatores de Risco e Proteção para Doenças Crônicas por Inquérito Telefônico (Vigitel), do Ministério da Saúde, registrou um aumento de peso dos jovens brasileiros de 18 a 24 anos. Em 2006, a taxa correspondia a 20,65%, no ano passado, marcou 35,71%, uma alta de mais de 70%. Em pessoas de 25 a 34 anos, o salto foi de 37,67% para 54,41%, um crescimento de 44% no período.
Segundo Gilberto Kac, professor titular do Instituto de Nutrição Josué de Castro da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), o sobrepeso aumenta a cada ano e é comum que os problemas de saúde derivados da obesidade se manifestem em pessoas mais velhas.”Não tem dúvida que o excesso de peso e obesidade são problemas graves. Eles podem gerar diabetes, hipertensão, vários tipos de câncer, problemas osteoarticulares e cardiovasculares. Observamos que esse obstáculo cresce cada vez mais em países desenvolvidos, como no Reino Unido e Estados Unidos, mas, nos últimos anos, vemos isso principalmente em países subdesenvolvidos e de baixa renda, como o Brasil”, afirma.
Alimentação saudável (Foto: Reprodução/Freepik)
Além dos jovens, o Ministério da Saúde registrou que pessoas acima de 35 anos engordaram acima da média do país em todos os anos. Em 2006, 48,55% dos brasileiros na faixa etária de 35 a 44 anos estavam com sobrepeso. Em 2021, 62,38%. Os indivíduos de 45 a 54 anos também tiveram um grande salto nos números, de 54,74% para 64,39%. Na faixa etária de 55 a 64 anos, subiu de 56,81% para 64,06%, na de 65 anos tiveram uma mudança de 52,39% para 60,72%.
Kac analisa que o sistema alimentar atual e a falta de atenção do poder público são fatores que impulsionam a obesidade. “Existe uma questão de poder aquisitivo e de acesso. Há vários conglomerados industriais que pressionam esses indivíduos, por meio do marketing, para fazer o consumo de produtos ultraprocessados, como biscoitos e refrigerantes, e outros itens com características de baixo custo. Além disso, a falta de regulamentação governamental e a rotulagem frontal desses produtos deveriam ter programas muito mais avançados para proteger a população desse tipo de formação de paladar”, conclui.
O sobrepeso em 2006 correspondia a 42,74%. Os últimos dados divulgados pelo sistema do órgão federal, referentes a 2021, representam a taxa de 57,25%.
Foto destaque: Faixa de sobrepeso e obesidade. Reprodução/Governo Federal