Um estudo da revista científica ‘The Lancet’ revelou que quase metade dos casos de demência no mundo poderiam ser evitados: um percentual de 45%. O resultado foi apresentado nesta quarta-feira (31) na Conferência Internacional da Associação de Alzheimer (AAIC 2024). De acordo com o estudo, a condição poderia ser prevenida, caso a população eliminasse determinados hábitos.
O relatório ainda apontou os 14 principais fatores de risco causadores da condição que podem ser revertidos durante a infância e evitados ao longo de toda a vida. O estudo foi desenvolvido por 27 especialistas mundiais em demência e também apontou mudanças de políticas governamentais e estilo de vida para a prevenção global dos casos.
Fatores de risco
O documento destacou que, em 40% dos casos a demência está associada a: lesão cerebral traumática, deficiência auditiva, isolamento social, obesidade, tabagismo, consumo excessivo de álcool, diabetes, sedentarismo, depressão, poluição do ar e níveis mais baixos de educação. Em 7% dos casos, está relacionada ao colesterol ruim e em 2% à perda de visão não tratada na vida adulta. O relatório ainda apontou que o colesterol alto, a deficiência auditiva e um menor acesso à educação no início da vida estão relacionados à maior parte dos casos existentes.
Relatório relevou que 45% dos casos de demência podem ser evitados (Foto: reprodução/ Andrew Broows/ GettyImages Embed)
De acordo com a principal autora do estudo, a professora Gill Livingston, da University College London, no Reino Unido, as medidas preventivas podem ser adotadas em qualquer etapa da vida e, com isso, os esforços conjuntos para a prevenção devem ser redobrados. Particularmente, por parte de governantes de países com condições socioeconômicas menos favorecidas. “Nunca é muito cedo ou muito tarde para agir, com oportunidades de causar impacto em qualquer fase da vida”, afirmou Livingston em comunicado à imprensa.
O relatório também apontou avanços no diagnóstico da demência propiciando a melhoria na qualidade de vida e a reversão no agravamento do quadro clinico. A exemplo dos exames de sangue que utilizam biomarcadores sanguíneos e o tratamento realizado com anticorpos anti-amiloides β.
Depressão está entre os maiores causadores de demência, revela estudo (Foto: reprodução/ Milamai/Getty Images Embed)
Prevenção
O relatório científico apontou 13 medidas a serem adotadas pelos governantes e indivíduos para a prevenção da demência no mundo. Dentre elas, estão:
- Disponibilização de educação de qualidade a todas as crianças e ser cognitivamente ativo na meia-idade;
- Fornecer aparelhos para todos aqueles com perda auditiva e reduzir a exposição a ruídos nocivos;
- Reduzir o teor de açúcar e sal em alimentos vendidos em lojas e restaurantes;
- Diminuir a exposição à poluição do ar por meio de políticas rigorosas de ar limpo;
- Priorizar ambientes comunitários de apoio e moradias;
- Detectar e tratar o colesterol LDL alto na meia-idade;
- Tornar o tratamento para deficiência visual acessível;
- Tratamento dos quadros de depressão;
- Utilização de capacetes em esportes de contato e em bicicletas;
- Ampliar medidas para reduzir o tabagismo (como controle de preços, aumento da idade mínima de compra e proibições).
Além disso, os cientistas destacaram a importância de se manter um estilo de vida saudável com alimentação equilibrada, atividades de socialização, exercícios físicos frequentes, não fumar e não ingerir bebidas alcoólica excessivamente.
Foto destaque: Avaliação médica neurológica (Reprodução: Andrew Broows/ GettyImages Embed