Os acidentes vasculares cerebrais (AVC), comumente conhecidos como derrames, são um problema de saúde global, afetando milhões de pessoas todos os anos. Entre os afetados, um fato notável é que as mulheres enfrentam uma incidência mais elevada de AVC em comparação com os homens, e esses derrames podem ser mais graves em mulheres. Várias razões estão ligadas a essa disparidade, e os casos de AVC não mostram sinais de desaceleração.
Influência dos hormônios
Uma das explicações para a maior incidência e gravidade dos derrames em mulheres está relacionada aos hormônios. Durante a perimenopausa (um período sem duração exata que precede a menopausa) e a menopausa, as mulheres passam por mudanças hormonais significativas. O estrogênio, um hormônio feminino, desempenha um papel crucial na manutenção da saúde cardiovascular, ajudando a relaxar os vasos sanguíneos e equilibrar os níveis de colesterol. No entanto, quando a produção de estrogênio diminui durante a menopausa, o risco de derrames e outras doenças cardiovasculares aumenta.
Estudos indicam que mulheres que entram na menopausa antes do período médio têm um risco significativamente maior de sofrer um AVC. Comparadas com aquelas que entram na menopausa entre as idades de 50 e 51 anos, aquelas que experimentam a menopausa prematura antes dos 40 anos enfrentam um risco 98% maior, enquanto aquelas com menopausa precoce entre 40 e 44 anos têm um risco 49% maior.
Terapia hormonal e contraceptivos
Surpreendentemente, a terapia hormonal da menopausa, que visa equilibrar os níveis hormonais em mulheres, pode ter efeitos contraditórios. Alguns estudos sugerem que o uso de terapia hormonal, incluindo estrogênio e progesterona, pode aumentar o risco de AVC. Os benefícios superam os riscos apenas quando a terapia hormonal é iniciada em idades mais jovens ou próximo à menopausa, quando os níveis hormonais ainda estão mais alinhados com a produção natural do corpo.
Além disso, algumas evidências sugerem que mulheres que usam contraceptivos hormonais, especialmente aquelas com pressão alta, fumantes ou que sofrem de enxaquecas, podem estar em maior risco de derrames. Mulheres que passam por tratamento de infertilidade e mulheres trans que usam estrogênio para afirmação de gênero também podem apresentar riscos adicionais de AVC.
Fatores únicos durante e após a gravidez
Durante e após a gravidez, as mulheres enfrentam fatores de risco exclusivos para derrames. O aumento do volume sanguíneo durante a gravidez pode aumentar o risco de coágulos sanguíneos, e condições como ganho excessivo de peso, pré-eclâmpsia e diabetes gestacional também podem aumentar o risco de derrames mais tarde na vida.
Os sinais de alerta de AVC que podem acontecer até 3 meses antes (Foto: reprodução/Veja)
Disparidades raciais
As mulheres negras nos Estados Unidos enfrentam um risco significativamente maior de sofrer um AVC em comparação com outros grupos de mulheres. Isso se deve a uma série de fatores, incluindo discriminação racial, acesso limitado aos cuidados de saúde, uma alta incidência de hipertensão, colesterol elevado, obesidade e condições genéticas como a anemia falciforme.
Prevenção de AVC em mulheres
A melhor maneira de reduzir o risco de AVC em mulheres é começar com o monitoramento e tratamento da hipertensão, uma vez que a idade é um fator de risco significativo para derrames. É fundamental fazer exames regulares de bem-estar a partir dos 20 anos para detectar problemas de pressão arterial, colesterol e diabetes desde o início. Parar de fumar, adotar um estilo de vida ativo com pelo menos 150 minutos de exercícios por semana e manter uma dieta saudável com redução de gordura saturada, gordura trans e sódio também são passos importantes na prevenção de derrames em mulheres.
Em resumo, a maior incidência e gravidade dos derrames em mulheres podem ser atribuídas a uma complexa interação de fatores hormonais, terapia hormonal, uso de contraceptivos, gravidez e condições médicas, bem como disparidades raciais. A conscientização, a prevenção e o acesso a cuidados médicos adequados desempenham um papel fundamental na redução desses riscos para as mulheres.
Foto Destaque: derrame é ameaça à saúde feminina (Reprodução/Veja)