Após incidente que acometeu a influencer Shantal Verdelho, no qual ela alega ter sido vítima de violência obstétrica durante o parto da filha, fica evidente a necessidade de aprender como o fenômeno acontece.
Em áudio vazado no último final de semana, a esposa de Mateus Verdelho diz ter ficado horrorizada com a conduta médica do obstetra Renato Kalil, que teria xingado a influencer o “trabalho de parto inteiro”, relata.
A violência obstétrica é proveniente de uma falha no sistema de saúde, o que pode incluir má estrutura de clínicas e hospitais e conduta médica inapropriada. Esta violência, embora subnotificada, é comum nas unidades de saúde do país. A prática pode consistir em abusos cometidos por profissionais de saúde contra gestantes durante a gestação, no parto, no nascimento ou no pós-parto.
De acordo com o Ministério Público Federal (MPF), são exemplos de violência obstétrica: Uso rotineiro de ocitocina, a cesariana eletiva sem consentimento da gestante ou sem indicação clínica, a não utilização de analgésicos quando tecnicamente indicados, a manobra de Kristeller (que consiste em pressionar a barriga da mãe durante o parto), episiotomia, lavagem intestinal, exames de toque invasivos e condutas violentas de ação verbal que ataquem a dignidade da mulher. Além disso, a discriminação social ainda é fortemente visível no sistema de saúde brasileiro.
Influencer Shantal Verdelho com a sua filha Domênica (Foto: Reprodução/Instagram)
Na intenção de evitar comportamentos inapropriados, a Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia (Febrasgo) lançou diretrizes no ano de 2019 que reforçam a maneira correta de guiar a paciente. Em nota, a federação alega ser contrária a todo e qualquer tipo de violência obstétrica e reforça a preferência pelo parto normal.
Dados do Ministério da Saúde mostram que os nascimentos via cesárea equivalem a 55% dos partos no Brasil, contrariando a orientação da Organização Mundial de Saúde (OMS) de que fique em torno dos 15%. Em muitos casos, a sentença pela cesariana está relacionada às necessidades do profissional, visto que os valores do procedimento são maiores e o tempo gasto na feitura do parto é menor. No entanto, são conhecidas as dificuldades da cesariana para quem gesta, que corre o risco de desenvolver hemorragia e infecção.
Em caso de violência obstétrica, a vítima pode denunciar ligando no 180 (Central de Atendimento à Mulher) ou no 136 (Disque Saúde). Também é possível entrar em contato com o hospital que prestou o atendimento, assim como na secretaria de saúde (municipal, estadual ou distrital) responsável pelo estabelecimento. Outra opção é o Conselho Regional de Medicina (CRM) ou o Conselho Regional de Enfermagem (COREN) a depender de qual classe profissional praticou o crime.
Foto destaque: Gestante. Reprodução/Pixabay.