A Food and Drug Administration (FDA), agência reguladora de saúde dos EUA, aprovou a primeira pílula para tratar a depressão pós-parto, uma condição que afeta cerca de meio milhão de mulheres nos Estados Unidos todos os anos.
A FDA aprovou a zuranolona, vendida sob a marca Zurzuvae, para tratar a depressão grave relacionada ao parto ou à gravidez como uma pílula diária tomada por duas semanas.
A droga estará disponível ainda este ano, disseram os fabricantes de medicamentos Sage Therapeutics. No entanto, nenhum preço foi anunciado.
“Espera-se que o Zurzuvae seja lançado e esteja disponível comercialmente no quarto trimestre de 2023, logo após o agendamento como substância controlada pela US Drug Enforcement Administration, o que está previsto para ocorrer dentro de 90 dias”, disseram a Sage Therapeutics e a Biogen em um comunicado.
A depressão pós-parto afeta cerca de meio milhão de mulheres nos EUA (Foto: reprodução/St.ClairHealth)
Depressão pós-parto
Estima-se que 10 a 15 por cento das mulheres que dão à luz nos EUA sofrem de depressão durante ou no ano seguinte da gravidez. Esse transtorno é considerado um subtipo de depressão maior, segundo o Ministério da Saúde.
De acordo com a FDA, os sintomas do transtorno podem incluir tristeza, perda de energia, pensamentos suicidas, diminuição da capacidade de sentir prazer ou comprometimento cognitivo.
"A depressão pós-parto é uma condição séria e potencialmente fatal na qual as mulheres sentem tristeza, culpa, inutilidade - até mesmo, em casos graves, pensamentos de ferir a si mesmas ou a seus filhos (...) E, como a depressão pós-parto pode interromper o vínculo mãe-bebê, também pode trazer consequências para o desenvolvimento físico e emocional da criança", disse Tiffany Farchione, chefe de psiquiatria do Centro de Medicamentos da FDA Avaliação e Pesquisa.
A Pílula
A pílula, zuranolona, que será comercializada sob a marca Zurzuvae, foi desenvolvida pela Sage Therapeutics, uma empresa de Massachusetts que a produz em parceria com a Biogen.
Dados de ensaios clínicos mostram que a pílula funciona rapidamente, começando a aliviar a depressão em menos de três dias, significativamente mais rápido do que os antidepressivos gerais, que podem levar duas semanas ou mais para fazer efeito, além de ser menos invasivo que a única outra droga aprovada para depressão pós-parto, a brexanolona, também desenvolvida pela Sage e comercializada como Zulresso. A brexanolona requer uma infusão intravenosa de 60 horas em um hospital com riscos de perda de consciência e custa em torno de US$ 34.000.
Os efeitos colaterais mais comuns de tomar Zurzuvae podem incluir sonolência, tontura, diarreia, fadiga, resfriado comum e infecção do trato urinário. A agência disse que a rotulagem contém um aviso em caixa de que o Zurzuvae pode afetar a capacidade de uma pessoa de dirigir e realizar outras atividades potencialmente perigosas e disse que os pacientes não devem dirigir ou operar máquinas pesadas por pelo menos 12 horas após tomá-lo.
Os médicos disseram que Zurzuvae não seria apropriado para todos os que sofrem de depressão pós-parto. Para aqueles com depressão leve a moderada, a psicoterapia pode funcionar bem.
Os fabricantes não disseram quanto custará o Zurzuvae. Portanto, não está claro quão acessível o medicamento será para as pessoas que mais precisam dele.
Depressão pós-parto no Brasil
No país, segundo Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), a depressão pós-parto atinge cerca de 25% das mães de recém-nascidos, ou seja, uma a cada quatro mães apresenta o trastorno.
No Brasil, o tratamento feito com psiquiatras e psicólogos especializados no transtorno são oferecidos por meio do Sistema Único de Saúde (SUS). Segundo o Ministério da Saúde, algumas das recomendações para tratar a depressão pós-parto são a terapia hormonal, exercícios para fortalecer os laços entre a mãe e o bebê e a presença de uma babá durante esse período.
Foto destaque: Pílula para depressão pós-parto. Reprodução/Feinstein Institutes.