Saúde

De acordo com infectologista, o avanço da dengue pode ter relação com aumento da pobreza

Em entrevista à CNN Rádio, Alexandre Naime afirma que o aumento de 135 % de casos de dengue no país tem relação com a piora no quadro de famílias que vivem sem saneamento básico de qualidade.

11 Mai 2022 - 10h53 | Atualizado em 11 Mai 2022 - 10h53
De acordo com infectologista, o avanço da dengue pode ter relação com aumento da pobreza Lorena Bueri

O aumento de casos de dengue em território brasileiro no ano de 2022, segundo a avaliação do vice-presidente da Sociedade Brasileira de Infectologia, Alexandre Naime, pode também estar atrelada a um fenômeno socioeconômico.

De acordo com o Ministério da Saúde, entre janeiro e abril de 2022, houve um aumento de 135% no número de infecções, comparando com o mesmo período de 2021.

Em entrevista à CNN Rádio, Naime explica: “Dois estudos publicados esse ano já analisaram cidades distintas do Brasil onde há uma relação direta entre queda de renda e aumento no número de casos de dengue […] São pessoas que vão morar em locais menos propícios a ter saneamento básico de qualidade, próximos de rios, passaram a ter menos condições de fazer uma limpeza correta da casa e vão ter que acumular lixo ou material de reciclagem por terem perdido o emprego”. 


Locais menos propícios a saneamento básico de qualidade tem relação com aumento de casos de dengue. (Foto: Reprodução/CNN Brasil)


Um possível agravante para o cenário é a descoberta de uma nova variante da dengue no Brasil.

Quanto a isso, Naime explica: “Além de mais transmissível, essa variante do vírus provoca formas mais graves da doença, com fenômenos hemorrágicos e de queda de pressão arterial”.  

A Fundação Oswaldo Cruz, no último dia 5, comunicou a descoberta dessa nova cepa do vírus no Brasil. 

Já presente na Ásia, Pacífico, Oriente Médio e África, o genótipo cosmopolita sorotipo 2 do vírus contaminou um morador de Aparecida de Goiânia.

Além de tal avanço da dengue, casos de outras doenças transmitidas pelo mosquito Aedes Aegypti, como a Zika e a Chikungunya, registraram um aumento superior a 50% no ano de 2022.

Na cidade Fortaleza, capital do Ceará, por exemplo, de acordo com dados da Secretaria Municipal de Saúde (SMS) o número de casos de chikungunya em 2022 cresceu seis vezes comparado a 2021. Segundo a SMS, nos primeiros quatro meses do ano  foram registrados 1.061 casos da comorbidade, enquanto que todo o ano passado foram contabilizados 184 casos. Ainda conforme o orgão, 81 bairros da capital cearense têm registros da doença e 10 deles têm 75% das confirmações.

Foto Destaque: Mosquito Aedes aegypti. Reprodução/G1 - Globo.

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