É impossível alcançar o bem-estar ao cultivar mágoa e alimentar raiva. Segundo especialistas da área, para se livrar de tais sentimentos é necessário compreender seus impactos negativos em nossa saúde e buscar entender por que e como eles nascem em nossas mentes, se desenvolvem, e afetam nosso corpo e nossas emoções.
Como eles agem em nós
Segundo Victoria Vera Ziccardi, em La Nacion, tanto o ressentimento quanto a raiva são responsáveis por danos preocupantes em nossos cérebros. Desencadeados por discussões do dia a dia, por situações desagradáveis ou por remoer mágoas do passado, estes dois sentimentos desestabilizam nossas funções cerebrais.
A autora alerta para que, normalmente, é observado pelos especialistas que as pessoas que normalizam emoções negativas também têm a tendência a ter dificuldade de se livrar desses sentimentos, piorando a cada dia mais suas situações de mal-estar.
Estudos realizado na Universidade de New Hampshire, nos Estados Unidos, indicam que o ressentimento, o ato de guardar mágoa de algo ou alguém, é capaz de auxiliar a pessoa machucada a encontrar conforto na dor ao funcionar como uma espécie de escudo contra a raiva.
Segundo os pesquisadores, assumir essa posição diante dos percalços da vida assim é um jeito de fugir de suas próprias responsabilidades, levando a pessoa, falsamente, a acreditar que está no controle das coisas, em segurança diante de situações que o deixam vulnerável.
Ziccardi tráz também os apontamentos do neurologista e especialista na área, Ramiro Fernández Castaño, que, além de concordar com o já dito, ainda afirma que o excesso de exposição a estes sentimentos também é capaz de modificar a forma como o cérebro funciona, ainda mais se este comportamento se repete desde os primeiros anos de vida, podendo levar a um adulto inseguro e dependente de fármacos para suportar as mínimas situações de desconforto. Segundo Castaño, problemas cardiovasculares também podem surgir, por conta do aumento da produção de cortisol que essas situações desencadeiam, assim como o aumento da pressão arterial e dos níveis de colesterol.
Neurônios (Foto: reprodução/Pixabay)
Já, um estudo que foi publicado no "International Journal of Psychotherapy Practice and Research", diz que os prejuízos podem estar presentes também no corpo: sintomas físicos, como dores, fragilidade imunológica, até psicológicos, como ansiedade e depressão. Também traz dados que demonstram que cultivar a negatividade acarreta em morte de neurônios, enquanto que, com a positividade, origina novos neurônios. Ou seja, você mata com o negativo e dá vida com o positivo.
A psicóloga Angela Buttimer, da Piedmont, empresa de serviços de saúde norte-americana, afirma que a prática do perdão leva o sistema imunológico a um melhor funcionamento e a produção de serotonina e a oxitocina, hormônios responsáveis pela sensação de bem-estar, além de diminuir os riscos cardíacos. E que, como é o cérebro é incapaz de discernir “o que é real e o que é imaginado”, ao relembrar dores do passado, é como se estivéssemos vivendo tudo novamente, e todo o mal causado volta a ocorrer.
O que fazer
Segundo o Ministério da Saúde australiano, para se livra problema, devemos nos afastar de situações que nos desestabiliza, aceitar que “nem tudo são flores”, identificar o que nos “tira do sério”, praticar atividades físicas e desenvolver relações de confiança.
A análise do problema é imprescindível para buscar saná-lo, dedicar-se a compreensão de si mesmo e do que lhe afeta negativamente, para então eliminar o que lhe faz mal.
Como diz o velho ditado, ora atribuido a Buda, William, Albert Einstein e Shakespeare, “Guardar ressentimento é como tomar veneno e esperar que a outra pessoa morra”, por isso, “plante seu jardim e decore sua alma ao invés de esperar que lhe tragam flores” Shakespeare, seu bem-estar depende de você, de suas ações e de como observa a vida e lida com as situações, sendo assim, cuide-se bem.
Foto Destaque: sofrimento (Reprodução/Pixabay)