De acordo com o atlas da Obesidade Mundial de 2023, mais da metade da população mundial estará com sobrepeso ou obesidade em 2035. Além disso, já se sabe que esta doença tem ligação direta com o sedentarismo, e, principalmente, com a ingestão de alimentos gorduroso. Em meio a necessidade de impedir o cenário previsto para 2035, especialistas buscam respostas na raiz no problema: a má dieta.
Nesta semana, um estudo feito pela equipe de Michiru Hirasawa e publicado pela revista PNAS , tentou encontrar relação entre a inflamação do hipotálamo - uma área cerebral que regula o equilíbrio energético e a fome, e o consumo excessivo de suplementos.
Até o momento, entende-se que alimentos com porcentagens de gordura são responsáveis por causar uma inflamação no hipotálamo que aumenta o apetite de forma anormal e gera, por conseguinte, o ganho de peso. O estudo de Hirasawa, no entanto, revelou que a inflamação dessa parte do cérebro não se relaciona somente com a obesidade, mas também com a anorexia.
Localização do hipotálamo. (Foto: Reprodução/RedeDior).
Molécula da fome
Com o uso de modelos animais, a equipe conseguiu demonstrar que a ingestão de gordura faz com que a prostaglandina E2 (PGE2) - uma molécula responsável por estabilizar processo imunológicos, como a febre – estimule o hormônio da fome no hipotálamo, o MHC. A partir desse sistema, os estudiosos explicam como a inflamação pode influenciar no apetite excessivo ou na falta dele. Entende-se que, com uma baixa concentração de PGE2, a fome é aumentada, já com concentração alta e inflação intensa, é inibida.
Para solucionar o apetite desregulado, os camundongos utilizados foram alterados geneticamente, a partir da retirada dos receptores da prostaglandina E2 no hormônio cerebral. Com essa modificação, os animais modelos apresentaram proteção contra a obesidade.
Tratamentos para a obesidade
A genética modificada não é uma opção atualmente, por conta da necessidade de avaliar os efeitos e a segurança deste método. Entretanto, Michiru Hirasawa, da Memorial University of Newfoundland (Canadá), acredita que os estudos da sua equipe podem “um dia nos levar a tratamentos para a obesidade”.
Enquanto buscam estes tratamentos, Hirasawa recomenda o consumo responsável de alimentos anti-inflamatórios para regular o apetite.
Foto destaque: Novo estudo identifica mecanismo cerebral de pessoas obesas. Reprodução/iSTock