Uma parceria entre Fiocruz, Microsoft e Fundação Novartis possibilitou que cientistas brasileiros e estrangeiros desenvolvessem um assistente de diagnóstico para auxiliar na investigação da hanseníase. A tecnologia chamada de AI4Leprosy utiliza a inteligência artificial para indicar a probabilidade da doença por meio de análise de fotos das lesões na pele dos pacientes e de dados clínicos observados pelos médicos.
“Nosso estudo prova que é possível chegar à suspeição do diagnóstico de hanseníase com um algoritmo de inteligência artificial. Essa ferramenta pode apoiar a decisão do médico de iniciar a investigação, acelerando a confirmação do diagnóstico e o início do tratamento, que é fundamental para interromper a transmissão da doença e prevenir sequelas”, explica o pesquisador Milton Ozório Moraes, do Laboratório de Hanseníase da Fiocruz.
A CNN Brasil descreveu como acontece o desenvolvimento do assistente virtual para o diagnóstico da hanseníase. De acordo com o canal, os pesquisadores usaram um tipo de algoritmo de reconhecimento de imagens que tem sido aplicado no apoio ao diagnóstico do melanoma, o tipo de câncer de pele mais agressivo.
Esta tecnologia desfruta da capacidade do computador de distinguir variações sutis nas imagens. Um dos autores do estudo, Paulo Thiago Souza Santos, explicou o motivo de a inteligência artificial ser mais apurada: “A inteligência artificial pode enxergar mais do que o olho humano. Para o computador, cada ponto da imagem é um bit, traduzido em um número. Uma pessoa sem treinamento pode não perceber a diferença entre duas cores muito próximas, mas quando o computador transforma essas cores em números, ele ‘vê’ uma diferença clara. É com base nisso que podemos treinar a máquina para tentar fazer um diagnóstico diferencial”, relata.
30 de janeiro é o Dia Mundial de Luta Contra a Hanseníase, doença que pode ser tratada gratuitamente pelo SUS. (Foto: Reprodução/Instagram).
A hanseníase é causada pela bactéria Mycobacterium leprae e afeta, sobretudo, nervos periféricos e pele. Algumas complicações podem ser visualizadas no curso da enfermidade, além de acarretar em incapacidades físicas nas mãos, pés e olhos. Felizmente, a doença vem apresentando queda nos índices, como mostra o relatório do Ministério da Saúde. Em janeiro, o órgão divulgou que o Brasil fez 15.155 novos diagnósticos da hanseníase em 2021, índice inferior ao registrado em 2020 (17.979 casos).
A Fiocruz informou que a etapa de validação da tecnologia deve abranger regiões urbanas e rurais na Ásia e na África, de forma a avaliar o sistema em diferentes contextos.
Foto Destaque: Paciente com hanseníase. Reprodução/SMS de Mesquita/RJ/CNN Brasil.