O número de casos de malária registrados no Distrito Sanitário Especial Indígena (DSEI) Yanomami, em Roraima, disparou durante o governo do ex-presidente Bolsonaro. O aumento consta no relatório elaborado pelo Ministério da Saúde e obtido pela Folha.
De acordo com o documento, foram registrados mais 9.900 casos da doença na região, onde fica a Terra Indígena Yanomami, em 2018. O total passou para mais de 20.300 em 2021.
O documento ainda aponta que quase um terço dos casos ocorreu na faixa etária de 0 a 9 anos (30%) e que o local de provável infecção que mais cresceu no período foi justamente em áreas de garimpo. O relatório foi produzido após uma vistoria realizada no DSEI do território de 15 a 25 de janeiro.
Acampamento de garimpeiros em Terra Yanomami. (Foto: Reprodução/Agência Brasil)
No relatório obtido pela Folha de S. Paulo, também são relatas situações de extrema precariedade nos polos-base dentro da Terra Yanomami e na Casa de Saúde Indígena (casai) local.
São descritas uso de medicamentos vencidos, seringas orais reutilizadas sem a devida higienização, instalações com fezes pelo chão e diversas unidades de atendimento fechadas em razão da falta de segurança, consequência da forte incidência de atividades ilegais em áreas próximas.
Há relatos também de profissionais da saúde com medo de garimpeiros, além da falta de alimentos, botijão de gás e equipamentos de proteção para os médicos. Em outra ocasião, o relatório cita que não há a devida separação para atendimento de casos de malária e não malária.
Segundo a Folha de S. Paulo, Em 2022, foram registrados 11.634 casos, mas o relatório alerta que o número real deve ser muito maior, uma vez que, por dificuldades de logística, "pondera-se que a inserção de dados no Sivep-Malária (sistema de controle da doença) por parte do Distrito pode levar mais de 3 meses, com ainda importante subnotificação".
Ainda de acordo com o relatório, durante o governo Bolsonaro, foi o garimpo que impulsionou o crescimento da malária na região.
As infecções em área indígena passaram de 26,6% em 2019 para 29% em 2022, tendo um pico de 34% em 2020. Já a contaminação em áreas de garimpo passou de 5,2% para 18,3%.
Foto Destaque: Enfermeira cuide de indígena com malária no Hospital Geral de Roraima. Reprodução/Lalo de Almeida/Folhapress.
