Cientistas brasileiros da Pontifícia Universidade Católica do Paraná (PUCPR) desenvolveram uma tecnologia para prever epidemias de dengue com dias de antecedência, conforme reportagem do jornal O Globo deste sábado (16). O modelo matemático criado utiliza inteligência artificial para analisar padrões espaço-temporais da doença, considerando os dados como número de casos confirmados, internações hospitalares, óbitos e variáveis ambientais, como temperatura e umidade relativa do ar.
O objetivo da pesquisa é fornecer informações precisas sobre os locais com maior probabilidade de ocorrência da doença, permitindo a emissão de alertas e a implementação de ações preventivas com mais eficácia. O modelo foi testado no município de Campo Mourão, no interior do Paraná (PR), entre 2019 e 2020, identificando, por exemplo, que o surto de dengue na cidade teve origem em um ferro velho local.
Pesquisa pode possibilitar a implementação de ações de prevenção com mais eficácia (Foto: reprodução/nuriyah/Pixabay)
Tecnologia auxiliará em implementações de combate à dengue
De acordo com Fábio Teodoro de Souza, líder da pesquisa e professor da PUCPR, compreender o comportamento das doenças endêmicas é fundamental para a implementação de políticas públicas eficazes de combate. “A gente quer fazer algo que funcione para toda a sociedade”, disse o pesquisador, em entrevista ao jornal O Globo. A tecnologia desenvolvida visa auxiliar na identificação de casos, mobilização comunitária e aplicação de inseticidas em locais críticos, contribuindo para a prevenção e controle da dengue.
A previsão gerada pelo modelo pode ser utilizada pelas autoridades de saúde para planejar ações de curto a longo prazo, preparando equipes, campanhas de prevenção e logística hospitalar. O estudo teve origem na pesquisa de Fábio sobre deslizamentos de encostas no Rio de Janeiro.
Alta nos casos de dengue no primeiro trimestre
Nos primeiros três meses de 2024, o Brasil já registrou 1,68 milhão de casos prováveis de dengue, ultrapassando o total de casos de 2023, que foi de 1,66 milhão, segundo dados do Ministério da Saúde disponibilizados na página do Painel de Monitoramento de Arboviroses.
Apesar do aumento nos casos, o número de mortes registradas este ano (513) ainda não supera o total do ano anterior (1.094). No entanto, existem 903 óbitos ainda sob investigação, o que pode aumentar as estatísticas de mortalidade da dengue neste período de dois meses e meio de 2024.
Foto Destaque: mosquito Aedes aegypti (Reprodução/shammiknr/Pixabay)