Saúde

Brasil produz primeira caneta de adrenalina nacional, para tratamentos de alergia grave

A expectativa é que o modelo seja lançado no mercado por até R$ 400, enquanto as versões internacionais têm preços em torno de R$ 2 mil. No entanto, o produto ainda precisa receber a aprovação da Anvisa

07 Nov 2024 - 12h00 | Atualizado em 07 Nov 2024 - 12h00
Brasil produz primeira caneta de adrenalina nacional, para tratamentos de alergia grave Lorena Bueri

Pesquisadores brasileiros produziram a primeira caneta autoinjetável de adrenalina nacional, que é crucial para tratamento de reações alérgicas severas, como o choque anafilático. Até o momento, como não há um produto brasileiro disponível no mercado, é necessário importar as canetas a um custo elevado ou optar por alternativas de menor eficácia. Sem os custos de importação, os desenvolvedores acreditam que a caneta nacional poderá ser até 80% mais barata do que as importadas.

O protótipo da caneta foi desenvolvido por um grupo liderado pelo médico e professor da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), Renato Rozental, com o apoio de uma empresa do estado de São Paulo. Atualmente, a caneta está em fase inicial de registro na Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa). O protótipo ainda passará pela avaliação do órgão regulador antes de ser lançado no mercado de saúde. Segundo Rozental, a previsão é que todo o processo leve cerca de 11 meses.

A caneta nacional segue as especificações dos produtos já disponíveis no mercado, contendo uma ampola de adrenalina com dosagem ajustada ao peso do paciente. A agulha também é adaptada para diferentes faixas etárias, com versões para crianças e adultos.


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Pesquisadores produzem a primeira caneta autoinjetável de adrenalina nacional (Foto: reprodução/Getty Images Embed/Demidova Ekaterina)


Em caso de reação alérgica, é simples: basta aplicar o conteúdo na lateral da coxa, sem a necessidade de treinamento médico ou habilidades específicas. Assim que a adrenalina é injetada, a reação é rapidamente revertida, proporcionando tempo para a chegada de assistência médica e atendimento especializado. 

O professor estima que o custo do produto final ficará entre R$ 350 e R$ 400, enquanto as canetas importadas — disponíveis em algumas farmácias ou compradas diretamente do exterior — têm um preço médio de R$ 2 mil.

Inovação em meio a anos de desinteresse e falta de investimento 

Apesar de o autoinjetor de adrenalina existir desde os anos 1980, sua tecnologia está disponível em apenas 35 países, devido à falta de interesse da indústria farmacêutica em ampliar a produção. Segundo Fábio Chigres Kuschnir, presidente da Associação Brasileira de Alergia e Imunologia (Asbai), o aumento nos casos de anafilaxia e novas políticas públicas têm incentivado o desenvolvimento do protótipo nacional. "Nos últimos doze meses, houve um grande avanço", observa Kuschnir.

Um exemplo disso é o Projeto de Lei 85/2024, que está em tramitação na Câmara dos Deputados e propõe que a caneta seja fornecida gratuitamente pelo Sistema Único de Saúde (SUS). O projeto já foi aprovado pela Comissão de Saúde e aguarda a análise das comissões de Finanças, Constituição e Justiça e de Cidadania. A produção nacional tornaria mais fácil a inclusão desse dispositivo na rede pública, garantindo acesso a tratamento de emergência para todos.


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Estudos indicam que óbitos relacionados a anafilaxia cresceram nos anos anteriores  (Foto: reprodução/Getty Images embed/Moyo Studio)


Aumento dos casos de Anafilaxia

O choque anafilático é uma reação alérgica grave que se desenvolve rapidamente, podendo causar dificuldades respiratórias, taquicardia e inchaço na garganta, e até ser fatal. De acordo com a Asbai, a incidência de anafilaxia tem aumentado entre crianças de 0 a 4 anos, atingindo níveis semelhantes aos observados nos Estados Unidos. 

Um estudo realizado em 2022 pela revista Clinical Experimental Allergy, indicou que no Brasil, as internações e óbitos relacionados à anafilaxia cresceram anualmente em 2,4% e 3,8%, respectivamente, entre 2011 e 2019.

As principais causas dessa condição incluem picadas de insetos, reações a medicamentos e alimentos, além do aumento da exposição a uma alimentação industrializada. A introdução de um auto injetor de adrenalina nacional, com preço acessível e fácil acesso pelo SUS, pode representar uma mudança significativa no manejo dessas emergências alérgicas no Brasil, assegurando uma resposta rápida e eficaz em situações de risco.

Foto Destaque: Pesquisadores brasileiros da UFRJ produzem a primeira caneta autoinjetável de adrenalina nacional (reprodução/Unsplash/Lucas Vasques)

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