O Brasil é o segundo país do mundo com mais casos de hanseníase, com 13% dos casos registrados em todo globo, ficando atrás apenas da Índia. Os índices estão diretamente relacionados à pobreza e à alta densidade demográfica que marcam ambos países. Segundo o último boletim epidemiológico do Ministério da Saúde, publicado em 11 de maio, 18.318 brasileiros foram diagnosticados em 2021 com a doença que causa lesões neuronais, na pele e nas mucosas.
A doença é tão antiga, que seus sintomas são descritos em textos indianos do século a. C e também na bíblia, quando recebia o nome de “lepra”. Na idade antiga, os portadores da doença eram a personificação do que hoje entende-se por estigma, afinal, carregavam marcas permanentes que identificavam a doença e, assim, viviam às margens da sociedade. Eles eram obrigados a andar com sinos, para que o barulho anunciasse que estavam passando por perto.
A hanseníase é causada pela bactéria Mycobacterium leprae e transmitida pelo contato de gotículas de saliva por contato frequente. O preconceito com as pessoas portadoras desta doença infectocontagiosa estava fortemente vinculado ao fato de que na maior parte da história, não havia tratamento e os sintomas tornam-se incapacitantes com a evolução da doença.
Campanha de consciêntização sobre a hanseníase (Reprodulão/Ministério da Saúde)
Ela causa lesões na pele, que apresentam manchas e perda da sensibilidade; alterações sensitivas e motoras nos braços e pernas, formigamentos, diminuição da força muscular e nódulos avermelhados e dolorosos. Mas atualmente tem tratamento, que varia de 6 a 12 meses e evita deficiências quando é feito com o diagnóstico precoce.
Indice no Brasil
Apesar da taxa de novos casos estar em queda no Brasil, a quantidade de casos ainda é alta
- A taxa é “hiperendêmica” no Tocantins e Mato Grosso (quando há mais de 10 casos por 100 mil habitantes)
- “Muito Alta” em Maranhão e Piauí (5 a 9,99 casos por 100 mil habitantes
- “Alta” em oito estados distribuídos no Norte, Nordeste e Centro-Oeste (2,5 a 4,99 casos).
Para o dermatologista Egon Daxbacher, coordenador do Departamento de Hanseníase da Sociedade Brasileira de Dermatologia , as taxas de novos casos diminuíram nos últimos anos por causa do distanciamento social causado pela pandemia. Ele também acredita que a doença ainda é muito presente no Brasil pela diminuição nas campanhas de prevenção e diminuição da conscientização nas faculdades de medicina.
Foto destaque: Manchas brancas é um dos sintomas característicos da doença - Reprodução/Sociedade Brasileira de Dermatologia