Saúde

Apreensão de fentanil no Brasil gera alerta para autoridades de saúde

Nos Estados Unidos, tal substância matou mais de 70 mil pessoas só no ano de 2022. O efeito poderoso do entorpecente, o alto risco de morte de seus usuários e o fato de seu consumo potencializar outras drogas preocupam as autoridades norte-americanas

22 Mar 2023 - 11h26 | Atualizado em 22 Mar 2023 - 11h26
Apreensão de fentanil no Brasil gera alerta para autoridades de saúde Lorena Bueri

A apreensão inédita de fentanil no território brasileiro acendeu um alerta nas autoridades de saúde e de segurança pública no país. Tal substância já gerou uma epidemia nos Estados Unidos, onde 70% das mortes causadas por overdose são ocasionadas por essa droga, usada em anestesias em hospitais. As informações são da “Band”

Na década passada, a droga começou a ser adicionada à heroína na Califórnia, pelos cartéis mexicanos que controlam o tráfico. Devido ao pouco controle da venda legal e aos insumos para a fabricação, o fentanil tornou-se uma epidemia nos Estados Unidos e o governo norte-americano começou a distribuir testes para usuários descobrirem se tem fentanil nas drogas, para assim diminuir os riscos de overdose. 

Diferente do crack, estimulante derivado da cocaína, o fentanil é um opióide sintético, de efeito anestésico e mais devastador que o crack. As mortes causadas pelo crack, no geral, vêm da violência ou da falência de órgãos causada pelo uso contínuo. No caso do fentanil, este provoca a overdose mais facilmente, uma quantia pequena desta droga pura leva ao falecimento. 


Post sobre a apreensão. (Reprodução/Twitter @portaldaband)


Com a apreensão no Espírito Santo, em 10 de fevereiro, as autoridades se preocupam com a possibilidade de essa droga ser misturada às drogas no Brasil, bem como aconteceu no exterior. Segundo o psiquiatra especialista em álcool e drogas, Arthur Guerra, é necessário evitar o mesmo cenário dos Estados Unidos.

Conforme o site citado, mesmo com a preocupação, especialistas lembram que o Brasil é um dos países mais rigorosos do mundo quanto ao controle de venda de medicamentos controlados e que a produção do fentanil é mais complexa, o que pode diminuir o risco da droga se popularizar no país. 

Segundo a pesquisadora Clarice Madruga: “O dependente grave ele sempre vai decidir a substância que ele consegue ter em maior quantidade com o dinheiro que tem disponível. Por isso que o crack continua sendo nosso grande problema, a pedra de crack é extremamente barata”

Quanto à apreensão feita em uma residência em Cariacica (ES) a cerca de 30 quilômetros de Vitória, segundo site “DL News”, no mesmo local em que foram encontradas 31 ampolas do anestésico, cujo nome técnico é “citrato de fentanila", os policiais também apreenderam 136 kg de maconha, 2.500 pinos de cocaína e milhares de pinos vazios.

De acordo com a Polícia Civil, a residência não pertencia a um traficante, mas a um fornecedor de drogas conhecido no estado sem ligação com facções, cujo nome é preservado para não atrapalhar as investigações. 

A presença da droga no Espírito Santo fez com que o DEA (Departamento de Narcóticos) da polícia dos EUA deslocasse dois agentes para averiguar o caso com as autoridades locais. De acordo com o delegado do Denarc-ES (Departamento Especializado de Narcotráfico do ES), Tarcísio Otoni, foi em razão de um curso ministrado pelo órgão norte-americano em El Salvador, no ano de 2022, que os agentes capixabas souberam identificar a tal substância. 


Post sobre a apreensão. (Reprodução/Twitter @cbnvitoria)


Conforme o “DL News”, uma das preocupações dos agentes norte-americanos é o fato de o Espírito Santo ser um estado portuário, potencial porta de entrada ou saída de narcóticos para o exterior.  

A Polícia Civil identificou que as ampolas apreendidas em Cariacica tinham como origem uma indústria farmacêutica em Minas Gerais. A investigação ainda não sabe afirmar se houve descaminho ou se a substância foi revendida de forma ilegal por alguém de dentro de uma instituição de saúde.  

Depois da apreensão, a Sociedade de Anestesiologia do Espírito Santo informou que estuda formas de reforçar o controle sobre a substância, com o monitoramento via satélite dos lotes do anestésico e a devolução obrigatória das ampolas após o uso por profissionais da saúde.  

Foto Destaque: Com nome técnico de “citrato de fentanila”, o fentanil preocupa autoridades de saúde. Reprodução/Hailshadow. 

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