A questão de se é benéfico ou prejudicial praticar exercícios no dia seguinte ao consumo de álcool tem sido motivo de discussão entre atletas e entusiastas da atividade física. Alguns acreditam que a transpiração resultante do exercício pode ajudar a eliminar as toxinas do álcool, enquanto outros acreditam que o álcool e o exercício não se misturam bem. O médico nutrólogo Dr. Ronan Araujo esclarece sobre o tema.
Efeitos do álcool no desempenho físico
A ingestão de álcool antes ou depois do exercício pode afetar o desempenho físico de várias maneiras. Alguns dos efeitos incluem desidratação, o álcool é um diurético, o que significa que aumenta a produção de urina. A perda de líquidos pode levar a cãibras musculares, fadiga precoce e até mesmo insolação. O álcool também pode afetar a forma como seu corpo metaboliza os carboidratos, resultando em uma queda nos níveis de glicogênio, que é a principal fonte de energia durante o exercício de resistência. Impacto no sistema cardiovascular, causando alterações na frequência cardíaca e na pressão arterial, o que pode ser prejudicial durante o exercício, especialmente para pessoas com problemas cardíacos, além de prejuízos na coordenação e função neuromuscular e na recuperação pós-exercício.
Recuperação do corpo pós exercício
Após o exercício, o corpo inicia um processo de recuperação, no qual ocorre a síntese de proteínas e restauração dos estoques de glicogênio (principal carboidrato armazenado nos músculos). A síntese de proteínas é responsável pela reconstrução e reconstrução das fibras musculares danificadas. Já a restauração do glicogênio é fundamental para "reabastecer" os músculos de energias.
“O consumo de álcool após o treino atrasa a recuperação completa dos músculos, deixando-os mais vulneráveis a futuras lesões. Também reduz os ganhos de força, hipertrofia e condicionamento que poderiam ser obtidos com o exercício”, destaca o Dr. Ronan Araujo.
O álcool pode interferir nesses processos de várias formas, o fígado prioriza o metabolismo do álcool em vez da síntese de proteínas, atrasando o processo de reconstrução muscular. O álcool consome as reservas de água no corpo, prejudicando a hidratação adequada necessária para a recuperação e aumenta a produção de cortisol, hormônio do estresse que causa degradação muscular.
Dr. Ronan Araujo:
Formado em medicina pela Universidade Cidade de São Paulo, médico especializado em nutrologia pela ABRAN (Associação Brasileira de Nutrologia), membro da ABESO (Associação Brasileira para o Estudo da Obesidade e Síndrome Metabólica).
Foto destaque: homem praticando exercícios. (Foto/Reprodução)