Carla Zambelli será submetida a processo de extradição

Deputada licenciada foi condenada a 10 anos e 8 meses de detenção por conta de seu envolvimento em uma invasão hacker ao Conselho Nacional de Justiça (CNJ)

29 jul, 2025
Carla Zambelli | Reprodução/Evaristo Sa/AFP/Getty Images Embed
Carla Zambelli | Reprodução/Evaristo Sa/AFP/Getty Images Embed

A deputada federal licenciada Carla Zambelli (PL-SP) foi presa em Roma, na Itália, nesta terça-feira (29). A condenação a 10 anos e 8 meses de prisão pelo Supremo Tribunal Federal (STF) é referente ao seu envolvimento na invasão hacker do sistema do Conselho Nacional de Justiça (CNJ). Zambelli havia deixado o Brasil no final de maio, buscando refúgio na Itália, onde possui cidadania, após passar pela Argentina e pelos Estados Unidos.

O Ministério da Justiça brasileiro, sob a gestão de Ricardo Lewandowski, por determinação do ministro Alexandre de Moraes enviou o pedido de extradição da deputada ao Itamaraty, em 11 de junho, que o encaminhou à Embaixada do Brasil em Roma, e foi entregue formalmente ao Ministério das Relações Exteriores da Itália em 12 de junho.

Início dos trâmites de extradição

A prisão de Carla Zambelli em Roma teve colaboração do deputado italiano Angelo Bonelli, do partido Europa Verde, que forneceu o endereço da ex-deputada às autoridades italianas. Zambelli permanece detida enquanto a justiça local resolve os próximos passos.


Deputado italiano Angelo Bonelli informa localização de Carla Zambelli à polícia (Video: reprodução/X/@AngeloBonelli1)

O processo de extradição está sob análise, o Ministério da Justiça italiano verificará a admissibilidade do pedido com base no Tratado de Extradição entre Brasil e Itália e na legislação italiana. Em até 48 horas a partir da prisão, a Justiça italiana deve determinar o destino de Zambelli.

Cidadania Italiana

Carla Zambelli chegou a alegar ser “intocável” devido à sua cidadania italiana, no entanto, a legislação italiana permite a extradição de seus cidadãos em certas circunstâncias, especialmente quando há tratados bilaterais, como o existente entre Brasil e Itália, e convenções internacionais, como a Convenção de Budapeste sobre crimes cibernéticos.

O caso de Henrique Pizzolato, ex-diretor do Banco do Brasil extraditado da Itália para o Brasil apesar de sua cidadania, serve como precedente. Contudo, a Itália pode recusar o pedido se considerar o caso como um crime político. Juristas como Marcelo Crespo e Wagner Menezes apontam que os crimes pelos quais Zambelli foi condenada – invasão de sistema e falsidade ideológica – são tratados como crimes comuns, o que aumenta as chances de extradição. O processo pode ser demorado, variando de seis meses a um ano e meio, dependendo da análise judicial e de possíveis recursos. Zambelli já manifestou a intenção de ser julgada ou cumprir sua pena em solo italiano, caso a extradição seja aprovada.

Além da pena de prisão, Zambelli foi condenada a pagar R$ 2 milhões por danos morais e coletivos, e uma multa individual de cerca de R$ 2,1 milhões. A perda de seu mandato parlamentar foi determinada pelo STF, mas a cassação formal ainda tramita na Câmara dos Deputados. Zambelli também é ré em outro processo no STF por porte ilegal de arma e constrangimento ilegal. Sua prisão na Itália gerou reações na política brasileira e italiana, com a oposição na Itália pressionando o governo de Giorgia Meloni por informações. Zambelli, por sua vez, alega inocência e busca prová-la na Justiça italiana.

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