Tarifa de 50% dos EUA sobre produtos brasileiros: o que muda nos preços do café, carne e combustível

Grupos agrícolas alertam para queda na competitividade, enquanto economistas apontam que a maior oferta interna pode frear alta nos preços no Brasil

11 jul, 2025
Café, um dos produtos tarifados | Reprodução/Jens Büttner/Getty Imahes Embed
Café, um dos produtos tarifados | Reprodução/Jens Büttner/Getty Imahes Embed

A tarifa de 50% anunciada pelo governo dos Estados Unidos, liderado por Donald Trump, sobre produtos importados de países alinhados aos Brics — incluindo o Brasil — deve impactar diretamente os preços de itens do dia a dia do consumidor brasileiro. Setores como o agronegócio, o petróleo e a indústria de base estão entre os mais atingidos. A medida, que entra em vigor no dia 1º de agosto de 2025, pode gerar tanto efeitos de alta, como no caso dos combustíveis e do aço, quanto de queda ou estabilidade, como no café e na carne, devido ao redirecionamento da produção para o mercado interno. A depender da intensidade da reação global e da resposta dos produtores nacionais, os próximos meses devem ser marcados por instabilidade nos preços e nos mercados.

Impacto nas exportações e pressão nos preços internos

Segundo a Reuters, o Brasil exportou em 2024 cerca de US$ 40,4 bilhões para os EUA — equivalente a 12% do total exportado — e o aumento abrupto da tarifa tende a reduzir drasticamente esses embarques.
O café representa 16,7% das exportações brasileiras para os EUA; a demanda americana deve recuar e grandes torrefadoras buscar mercados alternativos, como Europa e Ásia. A carne bovina, onde os EUA são o segundo maior mercado, também terá impacto significativo para empresas como Minerva e JBS.


Presidente americano Donald Trump (Foto: Reprodução/Win McNamee/Getty Images Embed)

Enquanto isso, exportações de petróleo (cerca de 13% do total) serão menos afetadas, por possuírem maior flexibilidade logística para redirecionamento.

O real brasileiro sofreu desvalorização de até 2,9% logo após o anúncio, e setores como café, siderurgia e aeronáutica já registram perdas expressivas nas bolsas.

Café e carne: mais oferta interna, menos exportações

Analistas do agronegócio afirmam que a equação comercial está sendo reescrita: com exportações freando, o volume de produtos — especialmente café e carne — tenderá a se concentrar no mercado interno. Essa maior oferta doméstica pode conter aumentos de preço ou até provocar quedas pontuais, dependendo da elasticidade da demanda interna .

Economistas destacam que setores exportadores devem buscar novos destinos como União Europeia e Ásia, mas com condições adversas de demanda global, essa realocação será lenta e parcial.

Combustível e derivados: pressão moderada

O setor de petróleo e derivados será impactado em menor escala. Embora represente cerca de 18,3% das exportações brasileiras aos EUA (aproximadamente US$ 7,5 bilhões em 2024), sua capacidade de redirecionar embarques reduz o impacto direto sobre preços domésticos.
Entretanto, a desvalorização do real e maior volatilidade cambial podem pressionar custos logísticos, refletindo em leves altas nos preços dos combustíveis internos.

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