Hamas afirma que negará plano de paz de Donald Trump
Hamas rejeita plano de paz de Trump, enquanto Israel apoia; tensão cresce com zona-tampão em Gaza e risco de retomada de operações militares

Um dirigente do Hamas declarou à BBC que o movimento deve rejeitar o plano de paz apresentado pelo presidente dos Estados Unidos Donald Trump para Gaza. Segundo ele, a proposta “serve aos interesses de Israel” e “ignora os do povo palestino”.
O representante afirmou ainda que o grupo dificilmente aceitará desarmar-se e entregar suas armas, uma das condições centrais do projeto. O grupo Hamas também se opõe contra a instalação de uma Força Internacional de Estabilização (ISF) na região, classificada pelo dirigente como “uma nova forma de ocupação”.
Liderança do Hamas dividida sobre adesão ao plano
Nesta segunda-feira (29), durante o encontro na Casa Branca, o primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, aceitou o plano de paz proposto por Donald Trump. Por outro lado, o Hamas não se pronunciou oficialmente sobre sua decisão. O Ministério das Relações Exteriores do Catar afirmou que o grupo está analisando a proposta da Casa Branca de forma “responsável”.
De acordo com um alto funcionário palestino ouvido pela BBC, as negociações envolvem a liderança do Hamas dentro e fora de Gaza. No entanto, a figura mais influente no processo tem sido o comandante militar no território, Ez al-Din al-Haddad, que estaria inclinado a manter a resistência armada em vez de aceitar os termos apresentados. Já os dirigentes do movimento no exterior perderam espaço, sobretudo pela falta de controle sobre os reféns israelenses.
Anuncio de acordo para encerramento da guerra em Gaza (Vídeo: Reprodução/YouTube/@SBT News)
As conversas do Hamas devem se prolongar por vários dias e contam com a participação de outras facções palestinas. A Jihad Islâmica Palestina (PIJ), organização armada que participou do ataque de 7 de outubro e chegou a manter alguns reféns israelenses, rejeitou a proposta nesta terça-feira (30).
Há desconfiança que Israel retome operações
Para o grupo Hamas, o maior impasse seria a exigência em entregar seus reféns todos de uma só vez, o que significa abdicar da sua “moeda de troca“.
Apesar do apoio de Trump, há o receio que de o Israel intensifique suas operações militares assim que liberarem seus reféns. A desconfiança ganhou força após a tentativa de assassinato contra os líderes do Hamas em Doha, no início deste mês, episódio interpretado como um desafio direto aos Estados Unidos.
Um mapa de Gaza divulgado pelo governo Trump indica a criação de uma possível zona-tampão ao longo da fronteira sul com o Egito. Ainda não há detalhes sobre como essa área seria administrada, mas, caso envolva participação de Israel, tende a se transformar em mais um ponto de tensão nas negociações.