Chuvas intensas revelam vulnerabilidades nos sistemas de drenagem urbana

As tempestades de janeiro têm revelado uma realidade preocupante relacionada aos sistemas de drenagem urbana em cidades brasileiras que se mostram ineficientes. Enquanto o Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais, em São José dos Campos, opera sem pausas, os alertas de perigo decorrentes das chuvas intensas tornaram-se constantes, segundo o site G1.

Pedro Ivo Camarinha, pesquisador do Cemaden, ressalta a ascensão daquilo que chama de “novo normal”, onde as chuvas intensas já não podem mais ser rotuladas como eventos raros, dada a sua frequência cada vez maior. A frequência de alagamentos mostra a inadequação dos sistemas concebidos para lidar com volumes fora dos padrões convencionais.

O confronto entre urbanização e drenagem natural

Nas áreas urbanas, onde o sistema natural de drenagem foi substituído pelo concreto, surgem desafios expressivos. Solos impermeáveis, margens transformadas em avenidas e o escoamento acelerado da água resultam em inundações frequentes. José Carlos Mierzwa, professor da USP, explica que a engenharia busca desacelerar o fluxo da água, reduzindo os impactos das inundações. Piscinões e tanques de armazenagem emergem como exemplos de intervenções modernas para enfrentar esse cenário.


Mapa do CEMADEN, que controla e alerta o risco de desastres naturais (Foto: reprodução/divulgação/JN)


Soluções para o desafio urbano

Uma tendência que anda crescendo é a procura por soluções na própria natureza. A criação de áreas verdes, conhecidas como Jardins de Chuva, revela uma abordagem inovadora. Ao romper o asfalto e criar poços preenchidos com material poroso, como entulho de construção, essas áreas retêm a água, fazendo com que ocorra uma liberação controlada.

Myriam Tischiptschin, arquiteta especialista em cidades inteligentes, ressalta que é importante restabelecer o ciclo natural da água. Apesar das soluções inspiradas na natureza serem, no que se refere a questão econômica, mais viáveis, ela destaca a importância de uma transição mais gradual, combinando as infraestruturas tradicionais com abordagens mais sustentáveis.

 

Foto Destaque: impactos das chuvas intensas nos sistemas urbanos de drenagem (Reprodução/divulgação/Agência Brasil)