Gol e Azul desistem de fusão que resultaria na criação da maior companhia aérea do Brasil

O anúncio da decisão provocou uma ligeira alta nos papeis das companhias que, com o fim das negociações, devem seguir caminhos próprios frente aos desafios

27 set, 2025
Aeronave da Gol | Reprodução/Instagram/@voegoloficial
Aeronave da Gol | Reprodução/Instagram/@voegoloficial

A tentativa de fusão entre Gol e Azul, que poderia resultar na maior companhia aérea do país em termos de participação de mercado (market share), chegou oficialmente ao fim após nove meses de negociações. O anúncio, feito na noite de quinta-feira (25), surpreendeu o mercado financeiro e provocou forte reação das ações: os papéis da Azul (AZUL4) chegaram a subir cerca de 14% na manhã de ontem (26), enquanto os da Gol avançaram 8%.

Acompanhamento e fim das negociações

O processo vinha sendo acompanhado de perto porque envolvia empresas de grande peso no setor aéreo nacional. A Gol, que havia concluído em junho seu processo de recuperação judicial nos Estados Unidos (conhecido como Chapter 11), se preparava para a retomada dos planos de expansão. A Azul, por sua vez, entrou recentemente no mesmo mecanismo jurídico de reestruturação, mas com um plano que inclui renegociação de dívidas e injeção de capital, visando sair da recuperação até o fim de 2025.

O fim das conversas foi comunicado pela holding Abra, controladora da Gol. De acordo com a empresa, não houve avanço significativo nas tratativas devido às prioridades financeiras de cada companhia. As negociações haviam começado em janeiro, em um contexto econômico diferente, e desaceleraram conforme ambas se voltaram para seus próprios processos de reorganização.

Outro fator de peso foi a postura do Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade). O presidente do órgão, Gustavo Augusto, chegou a criticar publicamente as empresas, afirmando que não deveriam tratar de fusão em declarações abertas sem apresentar oficialmente um processo de aprovação às autoridades reguladoras.


Aeronave da companhia Azul (Foto: reprodução/Instagram/@azulinhasaereas)

As companhias seguirão caminhos próprios

Além do rompimento das negociações de fusão, Gol e Azul também encerraram o acordo de codeshare (parceria que permitia a venda cruzada de passagens e rotas). As passagens já emitidas continuam válidas, mas novas operações conjuntas estão suspensas. Com isso, cada companhia deve assumir caminhos próprios frente aos desafios.

A Azul destacou que continua focada no fortalecimento de sua estrutura de capital, já a Gol aposta no crescimento orgânico com o fim de ampliar sua presença no mercado brasileiro.

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