Fim de uma era: Francesco Risso se despede da Marni

O italiano Francesco Risso não é mais diretor criativo da Marni. O estilista deixou o cargo nesta terça-feira (18), encerrando uma década de trabalho à frente da grife italiana, o anuncio é mais um em um ano marcado por reestruturações criativas e executivas dentro do conglomerado italiano. O anúncio foi feito pelo grupo OTB, que detém o controle dessa e de outras marcas como Maison Margiela, Jil Sander, Diesel, Marni e Viktor&Rolf.

Risso assumiu a Marni em 2016, substituindo a fundadora Consuelo Castiglioni. Inicialmente visto com desconfiança por sua falta de experiência em cargos de liderança, o designer superou as expectativas e reposicionou a marca para um público mais jovem e conectado à estética contemporânea — sem perder sua essência excêntrica e artesanal.

Reestruturação do Grupo OTB

O grupo italiano, liderado por Renzo Rosso, vive uma fase de grandes mudanças em sua estrutura criativa. Além da saída de Francesco Risso da Marni, outras trocas importantes ocorreram recentemente. Somente no primeiro semestre de 2025 grandes nomes já se despediram da holding, John Galliano deixou a Maison Margiela, Glenn Martens se despediu da Diesel e a dupla Lucie e Luke Meier encerraram sua passagem pela Jil Sander. Essas movimentações refletem um grande realinhamento estratégico e também criativo que o grupo busca implementar para se manter competitivo e relevante no mercado global da moda atual.

Renzo Rosso, líder do Grupo OTB (Foto: Reprodução/ID.CO)

Até o presente momento, o nome que sucederá Risso na Marni ainda não foi anunciado pelo Grupo OTB, mantendo assim a expectativa no mercado sobre os próximos passos da marca.

Além disso, desde a saída de Lucie Meier, o conglomerado não tem mais nenhuma mulher em seus cargos de direção criativa, um ponto que pode pesar na escolha de quem assumirá o novo lugar de Francesco.

Renovação e expressão pessoal em uma década

Francesco trouxe nova vida à Marni desde que assumiu a direção criativa em 2016. Com forte influência artística e emocional, o estilista se consagrou pela ousadia, suas coleções ficaram marcadas pela teatralidade, uso de materiais reciclados, colaborações inusitadas e apresentações imersivas. Ele também foi responsável pela expansão da linha masculina e pelo aumento do apelo cultural da marca.

 Coleção Sunset por Francesco para a Marni em 2022 – com ar psicodélico (Foto: Reprodução/NSS Magazine)

Mesmo tendo sido visto com desconfiança inicialmente, ele rapidamente consolidou a sua posição ao renovar a imagem da grife sem abrir mão da essência original que a consagrou no mundo da moda. Ele trouxe um olhar jovem e contemporâneo, ampliando as coleções masculinas e femininas, além de também promover desfiles imersivos que tornaram a marca mais conectada com o público global.

Em nota oficial, o estilista declarou:
“A Marni foi um estúdio, um palco, um sonho. Trouxe cor, instinto, atenção — e deu espaço às pessoas para serem elas mesmas. Me ensinou a construir com sentimento e mostrou o poder da verdadeira colaboração. Agora, sigo para novas jornadas.”

Francesco Risso e Renzo Rosso (Foto: Reprodução/Spotlight/Pambianco News)

Renzo Rosso, presidente da OTB, ressaltou o impacto do trabalho do estilista:
“Francesco abraçou o espírito e os valores da maison, levando-os para novos horizontes e lançando as bases para um novo capítulo empolgante. Desejo a ele o melhor no futuro.”

O desafio da continuidade

A expectativa agora se volta para o anúncio do substituto de Risso, que terá a missão de preservar a essência da marca e, ao mesmo tempo, imprimir sua visão para o futuro da maison. A dança das cadeiras no universo da moda está longe de acabar, e a Marni está no centro desse movimento.

Desde 2015, quando adquiriu 100% da Marni, a OTB vem tentando consolidar a marca como um pilar de criatividade dentro do portfólio. Com as saídas em série, o grupo vive um momento decisivo para definir os próximos rumos de suas etiquetas — e quem serão os protagonistas da nova fase.

A OTB finalizou 2024 com uma queda de 4,4% nas vendas, totalizando 1,8 bilhão de euros, um dado que reforça a necessidade de estratégias mais inovadoras para os próximos anos.