Se a icônica Tiffany & Co da Quinta Avenida suscitava sonhos e delírios de consumo na personagem de Audrey Hepburn em Breakfast at Tiffany's (Bonequinha de Luxo nos cinemas do Brasil), imagine se ela pudesse ver a versão repaginada da loja, que passa pela maior reforma de sua história mais de 60 anos após o lançamento do filme. Com certeza, Holly se encantaria com o que a marca tem chamado de “muito mais que uma flagship”.
Cena do filme Breakfast at Tiffany's, de 1961, que eternizou nas telas o luxo da marca. Reprodução/Divulgação
Desde 1940, o endereço não passava por grandes mudanças. A obra transforma o que era uma loja conceito em um espaço superlativo que une arte e design de ponta em um projeto que ultrapassa a ideia de uma joalheria.
A guinada é uma estratégia da marca, que aposta no poder do marketing e branding no que possivelmente será um divisor de águas nas lojas de luxo. A reabertura ocorre em 28 de abril, quando os 10 mil metros quadrados em plena Quinta Avenida serão abertos ao público.
Um novo conceito de loja aliado à tradicional Tiffany de luxo
Foram mais de três anos de obras para mostrar ao mundo uma Tiffany & Co que vai além das joias e se firma como ícone cultural por meio de uma arquitetura moderna e de luxo que envolve muita arte e design.
Tiffany & Co quer que loja seja mais que uma joalheria e ofereça experiências aos visitantes. Reprodução/Divulgação
O fechamento da loja, em 2019, para a grande reforma foi questionada por muitos no mundo dos negócios. Afinal, a então flagship respondia por 10% das vendas globais da Tiffany & Co. Mesmo sem esse ativo, a marca vendeu € 5,12 bilhões em 2022, 18,5% a mais que no ano anterior, segundo levantamentos do HSBC.
Os números fazem da grife de joias a segunda maior do mundo, ficando apenas atrás da Cartier. A expectativa é tornar o ícone cultural de Nova York muito mais atrativo para os milhões de visitantes e consumidores que passam por ali diariamente.
Apontada como a maior reforma de uma loja de luxo no globo até hoje, a estratégia pode estar ligada à tendência do setor de luxo em exibir a marca e retomar sua herança histórica no mundo da moda e beleza. As maisons estão entrando com tudo nas redes sociais. Afinal, o que uma selfie na nova Tiffany & Co pode gerar de engajamento não está no gibi.
Fachada preservada, telhado de diamante e homenagem a Breakfast at Tiffany’s
Não vai ser difícil encontrar a nova Tiffany & Co. Ela segue no mesmo endereço, na Quinta Avenida, e teve a fachada preservada. Por dentro, é outra história: pinturas, esculturas, vídeos e NFTs se misturam a uma arquitetura de luxo grandiosa.
Obras de Jean-Michel Basquiat, Damien Hirst e Julian Schnabel estão entre as mais de 40 obras em exposição. Entre elas, há NFTs como o de Tom Sachs, que apresenta um foguete na cor azul Tiffany.
Nova loja tem 10 mil metros quadrados e 3 andares de vidro no topo do edifício. Reprodução/Divulgação
No quinto andar, os visitantes encontram o famoso vestidinho preto que Audrey Hepburn usou em Breakfast at Tiffany's, além de fotos da atriz. O pavimento acima abriga o Blue Box Café, que tem a cozinha comandada por um dos mais celebrados chefs franceses nos Estados Unidos.
Daniel Boulud lidera o restaurante franco-americano, que tem capacidade para 61 pessoas e foi construído sob um teto cravejado de caixas azuis Tiffany. O menu tem inspiração no filme Breakfast at Tiffany's e oferece todos os dias café com leite e croissants.
No terraço do 8º andar, uma escultura de maçã acena para a Big Apple. Já o 10º andar foi batizado de The Tiffany Private Club, com uma vista inigualável do Central Park para receber eventos.
Das joias de luxo à experiência cultural no coração da Big Apple
Com três novos andares de vidro no topo do edifício, a nova Tiffany & Co deve retomar seu posto na lista das 5 atrações mais procuradas de Nova York, ao lado da Estátua da Liberdade e Central Park.
A joalheria tem destaque e venderá uma linha exclusiva inspirada no pássaro da Schlumberger. Há espaços privados para mesas de consulta por todo o prédio. Somente no andar de noivado, são quatro salões privados.
Campanha da Tiffany & Co diz que reabertura será um grande marco para a marca de luxo. Reprodução/Instagram
Também há espaços dedicados a outras categorias, como louças, relógios, bolsas e óculos. Mais do que um point de fazer compras, a marca se propõe a oferecer experiências, e o escolhido para desenvolver parte desse projeto quase megalomaníaco foi Peter Marino, que renovou a Dior na Avenue Montaigne e o hotel Cheval Blanc em Paris. Ele foi o arquiteto-chefe, ao lado do escritório de arquitetura Office for Metropolitan Architecture (OMA), que projetou os três andares de vidro no topo, chamados pela marca de diamante no telhado.
Foto de capa: Fachada da icônica loja foi preservada, mas reforma transformou tudo por dentro. Reprodução/Instagram