O Brasil está além dos limites estabelecidos no mapa, isto porque dois projetos brasileiros marcaram presença na Cannes Lions de 2024, o “Respeita Meu Capelo” e a bolsa antirracista. Vale mencionar que o grande festival de criatividade, que acontece na Riviera Francesa, teve início no dia 17 de junho e foi finalizado na última sexta-feira (21).
Respeita Meu Capelo
Recebendo o Leão de Prata na cerimônia e bronze na categoria Brand Exp & Activation, o projeto Respeita Meu Capelo, trocadilho para Respeita Meu Capelo, idealizado pela Vult e contando com a participação também da Gucci e Dendezeiro, (grife que tem a frente Hisan Silva e Pedro Batalha) foi desenvolvido para proporcionar maior inclusão aos cabelos.
Hisan Silva, diretor criativo da Dendezeiro, afirmou que o projeto chegou nas mãos deles no ano passado de maneira emocionante: “[...] Se o capelo existe há tanto tempo nas universidades, e é um item de vestimenta que não cabia em todas as pessoas, é porque aquele espaço não era pensado para todos.”, contou.
Com isso, pensando na maior acessibilidade, foram desenvolvidos modelos com pente garfo (marca da luta antirracista e importante elemento dos cabelos afros) que englobam tanto cabelos crespos, quanto os adeptos aos turbantes e também os cacheados. Afinal, muitas pessoas encontram dificuldade ou não se sentem confortáveis justamente por não valorizar o penteado, havendo a necessidade de redução do volume através de alisamento capilar ou até mesmo o auxílio de uma tiara para prendê-lo na cabeça.
Bolsa Antirracista
Desenvolvida para a Universidade Zumbi dos Palmares e criada pela agência Grey, a bolsa recebeu Leão de Prata na categoria estreante Luxury & Lifestyle. Com Felipe Borges e Naya Violeta como os responsáveis pelo design, a bolsa serve como uma maneira de lutar contra o preconceito.
O publicitário George Benson, que fez parte do desenvolvimento da bolsa, contou o objetivo por trás da iniciativa. Como uma maneira de proteção às pessoas negras que costumam ser humilhadas em estabelecimentos e tomadas como suspeitas apenas pela cor, ele explicou: “As pessoas pretas, principalmente mulheres, são humilhadas em lojas diariamente, tendo que abrir suas bolsas, sendo revistadas sob acusações de furto, muitas vezes falsas”. Sendo assim, ao abri-la, imediatamente é possível visualizar o texto e QR CODE com a lei 14.532/2023, que descreve o tempo de 2 a 5 anos de prisão e também multa para o crime de racismo.
Bolsa antirracista (Foto: reprodução/Vogue)
A moda tornar-se espaço de discussão para temáticas importantes na sociedade como o antirracismo faz com que a visão de muitas pessoas consiga ser ampliada. Sendo assim, o ambiente passa a ser não só um local que representa e é marcado pelo estilo, mas um local de expressão e reivindicação de direitos.
Foto destaque: Modelo segura bolsa antirracista (Reprodução/Vogue)