Morreu na última sexta-feira (12/05) a princesa Minnie de Beauvau-Craon, aos 70 anos, na França. No mundo da moda, ela já havia sido promovida. Entre a nata do mundo fashion, com certeza ela era a rainha do quiet luxury.
Seu legado é tão interessante quanto paradoxal. Em vez de seguir o caminho da maioria dos aristocratas franceses, que venderam seus palácios e castelos devido aos custos milionários de manutenção, Minnie decidiu cuidar da propriedade que herdou de seu pai, o príncipe Marc de Beauvau-Craon.
Um dos mais luxuosos castelos na França, o Château d’Haroué, no sul do país, foi preservado pela princesa. Em 1982, aos 29 anos, ela assumiu os cuidados da propriedade de 82 cômodos, que virou seu lar.
Princesa sim, extravagância real não
A suntuosidade do palácio constratava com seu estilo discreto, hoje chamado de quiet luxury. Quase sempre, a princesa era vista com sua vestimenta de praxe: saia azul-marinho e jaqueta de couro sobre uma camiseta branca. Nos pés, os loafers da luxuosa marca italiana Tod's. Na garagem, o BMW era de 1997.
O quiet luxury também ia de encontro à lista de amigos da princesa. Eles eram o oposto: nada discretos no vestir. A amizade mais conhecida era com Hubert de Givenchy, com quem revolucionou exposições que uniam arte e moda.
Minnie era apelido de Marie Isabelle, que passou a maior parte da sua vida no castelo. Todos sabiam onde achá-la. Se não estava no palácio, bastava procurá-la no apartamento que mantinha em Londres.
Sua irmã mais nova estava mais nos holofotes. Diane de Beauvau-Craon foi musa de designers e artistas como Karl Lagerfeld, Halston e Andy Warhol. Minnie, por sua vez, usava da discrição para preservar os séculos de história da família no castelo, mas também torná-lo local de referência em moda e luxo.
Chateau d'Haroué foi palco de exposições históricas de moda. Reprodução/Instagram
O castelo da moda por Minnie e Givenchy
O Château d’Haroué fica em um pequeno vale em Saintois, na região da Lorena. Desde 1984, o local era aberto para visitação do público. Anos depois, o ar bucólico do castelo foi inúmeras vezes interrompido pela aura de moda e arte com as exposições que ali Minnie realizou.
Com o amigo Hubert de Givenchy, aristocrata e estilista da alta-costura francesa, a princesa abriu os salões para uma exposição em 2010 que se tornou histórica.
A mostra Grandes Tradições da Alta-Costura Francesa exibiu 40 vestidos icônicos da moda de luxo. Os visitantes puderam ver peças assinadas por Givenchy, como o preto básico confeccionado especialmente para Audrey Hepburn vestir em Bonequinha de Luxo. Também havia criações de Philippe Venet e Cristóbal Balenciaga.
Em 2012, Minnie transformou o château em palco para uma exposição sobre vestidos de casamento, com peças dos estilistas já citados acima, além de Christian Dior, Yves Saint Laurent e Pierre Balmain.
O vestido de noiva usado por Minnie em seu casamento, criado por Venet, foi exposto ao lado de outros modelos famosos, como o da neta do ditador espanhol Francisco Franco. María Del Carman Martinéz-Bordiú y Franco usou uma peça de Balenciaga, com bordado de 10 mil pérolas e 5 mil lantejoulas.
Legado une toques de realeza e quiet luxury
O Chateau d’Haroué pertence à família Beauvau-Craon desde 1720. O local foi hospedagem da rainha-mãe Elizabeth, do Reino Unido, em 1979. Décadas depois, em 2021, o castelo foi tema do best-seller europeu Château de Haroué: The Home of the Princes de Beauvau-Craon.
Minnie deixou dois filhos, Sebastian-Marc e Victoria. Ambos são fruto do seu casamento com Javier Botana em 1978, A filha é diretora artística de eventos de luxo e foi responsável pela decoração da festa de lançamento da primeira bolsa da Aquazzura, no início deste ano, em Paris.
Foto de capa: Princesa Minnie era conhecida pelo quiet luxury. Reprodução: Instagram