O dia foi aberto no espaço de 9000m² do Institut Français de la Mode (IFM), situado às margens do rio Sena. A localidade recebeu um desfile de moda que contou com a participação de 27 estudantes provenientes de 13 nacionalidades distintas. A cada aluno matriculado no programa de Mestrado em Artes em Design de Moda e Design de Malhas foi atribuído um conjunto de cinco a sete looks totalmente autorais. O espetáculo foi marcado pela notória presença de Brigitte Macron, primeira-dama da França, que além de professora é também uma grande entusiasta da moda.
Já o destaque da noite foi o desfile da grife francesa Pressiat, ainda sob a direção criativa de seu fundador, Vincent Pressiat. Com coleção intitulada Woke n’Roll, a marca optou por trabalhar primariamente com materiais reciclados em contraste com peles de animais, e também apostou em colocar todo um elenco de celebridades na passarela.
O futuro da moda
Consagrado, o IFM oferece cursos de design, gestão e artesanato, o que é essencial para a formação de futuros estilistas. O seu programa de mestrado pode ser concluído em dois anos e oferece oportunidades únicas para qualquer estudante de moda: colaborações criativas com a Dior e a Alaïa, aconselhamento individual com designers renomados e seminários com ministrados por diretorias de grifes de alto luxo, como a Balenciaga. Por essas e outras razões, os estudantes do IFM são considerados algumas das maiores apostas do futuro da moda. Dentre os 27 alunos que participaram do desfile, alguns tiveram maior destaque pelas apostas criativas ou escolha de materias para trabalho. Uma chinesa, um italiano e uma alemã foram os destaques da edição.
Intitulada Lull - The Sleep Temple, a coleção de Qianhan Liu, originária da China, exibiu impressionantes tecidos que simulavam a flexibilidade da madeira ou a leveza das folhas. Estes materiais foram habilmente cortados em densos casulos e volumosos casacos, destacando-se por enormes golas que lembravam silvas.
Em seu desfile de formatura, o italiano Antonio Romano, tirou sua inspiração tanto da Idade Média quanto do cyberpunk, transformando armaduras medievais em vestidos de malhas e as combinando com botas pesadas. The Body as Armor colocou a carreira do siciliano nos holofotes.
E diretamente da Alemanha, Kira Zander entregou uma coleção denominada Ilaria-The Language of Stones, exibindo blusas, saias e botas confeccionadas em fios de lã grossos. Suas peças faziam associação a teias de aranha ou blocos de pedra.
Criatividade de Vincent Pressiat
Já conhecido no cenário internacional da moda, o trabalho de Vincent Pressiat foi apreciado por Jean-Paul Gaultier na primeira fileira. Durante uma chuva torrencial, o desfile ocorreu dentro de um prédio de escritórios abandonado que contribuiu para ditar toda a atmosfera da coleção Woke n’Roll.
Na passarela, os looks perpassam por vestidos clássicos de cetim até uma figura completamente nua utilizando um moikano. Saias de pele conversam com chinelos de dedo e chapéus de caçador. Muitas peças entraram na pegada destroyed cheias de rasgos, incluindo uma saia que expôs completamente um modelo na parte de trás.
Julia Fox para Pressiat (Foto: reprodução/Instagram/@pressiat_)
Quem fechou o espetáculo foi Julia Fox, em uma estola de pele de carneiro e um vestido feito de freios de carro derretidos e moldados (Pressiat ainda não divulgou o material de todas as peças, mas o up cycling tomou conta da passarela). Após a passagem de Fox, se seguiram três minutos de aplausos ininterruptos.
Foto Destaque: trabalhos de alunos do IFM (Reprodução/Instagram/@ifmknitwearma)